Crítica sobre o filme "Minhas Mães e Meu Pai":

Eron Duarte Fagundes
Minhas Mães e Meu Pai Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 12/03/2011

Apesar de propor a ideia avançada de uma família formada por um casal de lésbicas e um casal de filhos, Minhas mães, meu pai (The kids are all right; 2010), filme dirigido pela norte-americana Lisa Cholodenko, envereda por uma visão familiar e convencional, como se depreende do discurso de culpa da personagem de Julianne Moore no fim do filme. As duas mulheres que decidiram formar uma família captando uma doação de esperma que permitiu uma inseminação artificial passam a ter problemas quando este doador (é o mesmo nas duas gravidezes, nos dois filhos) aparece na vida delas, envolvendo-se com uma das mulheres; o mau passo heterossexual da personagem de Julianne Moore é visto com intenso moralismo lésbico pela realizadora e se assemelha a qualquer consciência moralista de tantos filmes americanos ao longo dos anos.

A realização tem duas intérpretes brilhantes, Annette Bening e Julianne, e a cineasta adota um bem-feito americano que prende a atenção e a emoção do espectador. Mas não se pode esquecer o lado trivial e torpe de Minhas mães, meu pai: que é que a perturbação heterossexual vem fazer na boa relação homossexual?

O filme americano segue marcações psicológicas muito estereotipadas. Diferentemente do que ocorreu com o filme brasileiro Como esquecer (2010), de Malu De Martino, que tratou a personagem da lésbica interpretada por Ana Paula Arósio com uma complexidade muitas vezes maior, mesmo que não chegasse também a realizar-se plenamente.