Crítica sobre o filme "Piratas do Caribe":

Rubens Ewald Filho
Piratas do Caribe Por Rubens Ewald Filho
| Data: 25/05/2007

Ninguém gostou muito do segundo capítulo de Os Piratas do Caribe, mas mesmo assim ele foi um megasucesso (1 bilhão de dólares de renda) em todo o mundo, chegando mesmo a revitalizar os cofres da empresa Disney (até porque faz propaganda direta de um dos brinquedos do parque). Portanto, qualquer crítica parece inútil. Mas vale como referência.

O começo deste terceiro filme me pareceu aborrecido e confuso, até porque nem todos guardamos o que sucedeu no capítulo do ano passado (fora o fato de que o capitão Jack Sparrow foi levado para o fim do mundo). Johnny Depp só irá aparecer depois de meia hora de projeção e, ainda assim, está mais contido do que de costume. Novamente, talvez seja o problema de excesso de personagens, mas neste final da primeira trilogia (porque, obviamente, outras virão), o trio central tem pouco a fazer.

Jack (Depp) controla muito mais seus trejeitos e, apesar dos esforços do roteiro em fazer gracinhas verbais, falta justamente o humor visual, o pastelão que agradava tanto antes. Depp chega a contracenar com cinco ou seis sósias, em cenas de delírio, destinadas a mostrar diversas caras dele. Mas isso passa batido, assim como a cena onde reencontra o pai (falou-se muito nessa ponta do roqueiro Keith Richards, do ‘Rolling Stones’, que aliás rouba a cena, com seu rosto muito marcado). Keira Knightley, vestida de oriental, por desígnios não muito lógicos acaba virando a rainha dos piratas, e Orlando Bloom tem um destino bem romântico (embora continue achando-o coisa nenhuma, feioso e inexpressivo).

Confesso que tive certa dificuldade para entrar no universo do filme, o que só fui conseguir na metade final, quando as cenas de ação se tornam mais espetaculares, com um redemoinho, a feiticeira Calypso e Davy Jones se reencontrando (este continua com sua marcante máscara de tentáculos de polvo), e uma enorme batalha naval (com duelos espetaculares, justificando os 200 milhões de dólares de orçamento). Ou seja, não decepciona neste aspecto. Mas, para mim, o filme é menos divertido, menos ‘fun‘. Até porque ficou com cara de festa de Halloween, adotou um tom dark, meio trágico, onde proliferam as cenas escuras, os personagens grotescos, e detalhes de violência (mais do que os anteriores, o que é péssimo sinal: deveriam endereçar o filme para crianças).