A lenda do homem que tirava dos ricos para dar aos pobres na Inglaterra medieval se espalhou através dos tempos, e claro, resultou em diversas adaptações cinematográficas. As aventuras de Robin Hood da década de 30, passando pelo desenho da Disney, romance com Audrey Hepburn e Sean Connery e longa blockbuster com Kevin Costner, o lendário fora da lei foi exposto à tela de modos completamente diferentes, o que inclui este filme em questão. O Robin Hood de Ridley Scott, é na verdade um prequel, sendo a historia de como supostamente Robin Longstride se torna o legendário Robin Hood.
O filme se inicia nas cruzadas e logo já ocorre a morte do Rei Ricardo Coração de Leão (com pontinha do sempre competente Danny Houston), morto pelos franceses. Enquanto isso na Inglaterra, o ainda príncipe John (Oscar Isaac, magnífico) já mostra que não é flor que se cheire e domina o palácio com sua promiscuidade que inclui a anulação do seu casamento para ficar com Isabella que é sobrinha do rei da França que coincidentemente é inimigo de seu irmão na guerra, preocupando sua mãe, Eleonor de Aquitania (Eileen Atkins). Conhecemos também Robin Longstride (Russel Crowe) simples arqueiro que, após a morte do rei ricardo, resolve juntamente com seus amigos voltar o quanto antes para Inglaterra. Ocorre que no meio do caminho eles se deparam com um dos cavaleiros do rei, Sir Robert Loxley, já morrendo, e que faz Robin prometer que vai entregar a coroa para o príncipe John e à sua mãe. Robin se comove, vai até a Inglaterra e acaba se comovendo e indo até Nottingham entregar à Robert a espada. Ocorre que, chegando lá, ele se depara com Sir Walter Loxley (Max von Sydow) que o persuade à assumir a identidade de Robert a fim de proteger a esposa do mesmo, Lady Marion (Cate Blanchett) para que ela não perca as terras quando Sir Walter morrer. Mas como nem tudo são flores, Robin terá de enfrentar Godfrey (Mark Strong, sempre incrível), um homem que trai seu próprio pais e que ainda vai aprontar muito para o reino.
Com um “plot” cheio de detalhes, e embora muitos discordem, eu penso que é justamente por seu uma historia cheia de nuances, que Robin Hood é um ótimo filme, que tem direção firme de Ridley e roteiro bem amarrado de Brian Helgeland (vencedor do Oscar® de melhor roteiro adaptado por Los Angeles - cidade proibida). O filme tem um grande elenco, e é mais uma bela parceria entre Ridley e Russel, sendo que este, embora já mais velho, esteja ótimo no papel principal. O filme também é um deleite na parte técnica, onde praticamente todo o time que normalmente trabalha com Ridney volta, como Janty Yates nos figurinos, fotografia de John Mathieson, e Marc Stretenfield como compositor musical. O fato é que o filme, embora em termos de estilo possa até lembrar Rei Arthur, é um ótimo longa que passa as lições básicas de coragem, união e lealdade de maneira perspicaz e bem feita. Não temos um roteiro tolo ou briga de egos aqui (como houve na versão com Costner), mas sim excelentes atores trabalhando de igual para igual, dedicados à seus respectivos personagens de modo único.
O longa funciona bem como aventura, ação e romance, e o casal principal Crowe/Blanchett, funciona muito bem, onde carisma não falta pra grande parte dos personagens, e aqueles que não o tem, são posicionados de modo fantástico (como o João Sem Lei de Isaac e o Lord Godfrey de Strong), fazendo deste filme um ótimo cine pipoca (coisa que esta difícil hoje em dia).
É um filme bem feito, com belíssimo elenco e que merece e muito ser conferido, onde cada um deve enxergar sua própria lição através dos olhos de Robin Longstride. Digam o que quiserem, pra mim é um dos melhores de 2010.