A câmara, instável e navegante, parece estar sempre colada à pele dos atores; o mundo fluido e psicodélico das drogas vivenciado pelos adolescentes em cena é capturado formalmente numa linguagem cinematográfica cheia de delírio e inquietação. Mas o estilo da câmara atrás dos atores não busca aquele sentido duro e realista dos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne; o estilo da realizadora Catherine Hardwicke é mais pasteurizado e feérico, longe de qualquer sisudez experimental, embora toque um certo experimentalismo maneirista, como nos Dardenne.
No início de Aos treze (Thirteen; 2003) duas garotas drogadas trocam socos violentos no quarto de uma tão-somente para experimentar a sensação (efeito da droga). Toda a narrativa de Hardwicke vai acompanhar o universo chocante e sufocante da adolescência drogada, uma amizade permeada pelo vício, os dilemas familiares levantados. É pena que a diretora prefira as facilidades do gratuito escandaloso, da superficialidade de caracteres e formas; apesar da barra pesada oferecida aos olhos do espectador, a realizadora está longe de aprofundar os assuntos que aborda.
O que aborrece em Aos treze é uma certa mesmice temática e formal. Algo esponjoso põe a perder as boas intenções do roteiro. De nada vale informar que se baseou em experiências reais se não se tem o dom do cinema para investigar a realidade humana.