Crítica sobre o filme "Comunidade, A":

Eron Duarte Fagundes
Comunidade, A Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 30/12/2003

O cineasta espanhol Alex de la Iglesia logrou acertar mais ou menos no tom ao filmar o sangue barroco e simbólico da Espanha moderna em O dia da besta (1995). Em A comunidade (La comunidad; 2000) ele faz seu trem cinematográfico descarrilar.

A narrativa até que começa bem. O cotidiano duma vendedora de imóveis é lentamente alterado pela inserção dum surrealismo que evoca aquelas personagens inesperadamente excêntricas do diretor italiano Federico Fellini; até metade do filme, embora sem entusiasmo, o espectador pode identificar uma certa seriedade entre as imagens de pesadelo que buscam exacerbar a realidade de nossos dias, afinal o cinema é símbolo. Mas logo o excesso de sangue, a busca dum irrealismo puro e simples desajusta as intenções do filme. Que diferença pode haver entre esta pretensão crítica espanhola e os deboches comerciais dos filmes de horror à Hollywood?