Quando foi lançado nos cinemas em 2003, Demolidor, O Homem Sem Medo teve podados mais de 30 minutos de duração. Toda a subtrama envolvendo o assassinato da prostituta, na qual o rapper Coolio interpreta o acusado, desapareceu, e muitas cenas do ótimo Jon Favreau (“Foggy”, o colega de Matt) também ficaram no chão da sala de montagem. Adicionalmente, um pouco da violência foi retirada. Mas para compensar e tentar dar maior consistência ao que sobrou, foram rodadas algumas curtas seqüências adicionais, como a cena de sexo de Matt e Elektra, e aquela onde Matt fala com o padre no confessionário. Como resultado, Demolidor não foi muito bem recebido e ficou bem longe do sucesso de outras adaptações de super-heróis da Marvel, como X-Men e Homem-Aranha. Além de muitos contestarem a atuação de Affleck como o herói (não vi maiores problemas aí), o filme ficou com perceptíveis lacunas de roteiro.
No final de 2004 a Fox decidiu dar uma chance à montagem original do filme, e lançou em DVD, na Região 1, esta Versão do Diretor que agora chega por aqui e resgata as cenas perdidas (mas que não inclui as cenas de sexo e do confessionário). Além da reinclusão da subtrama, temos também as versões integrais e um pouco mais violentas das lutas, o uso de algumas palavras mais “fortes”, a divertida chegada do Mercenário no aeroporto, a aparição silenciosa de uma freira (a mãe de Matt?), uma nova cena onde o padre tenta convencer Matt a se confessar (ele se recusa), e outra onde Matt interroga um policial sobre seu envolvimento com o Rei do Crime, no processo destruindo o carro do cara. Como saldo final... Colin Farrell e Jennifer Garner ainda roubam a cena de Affleck, e certos problemas (como alguns efeitos e uso de cabos mal feitos, e coisas que simplesmente não têm explicação - como o Demolidor é capaz de dar aqueles saltos gigantescos e, ainda por cima, cair no chão sem quebrar as pernas?) permanecem.
Mas apesar de tornar-se mais longo, Demolidor torna-se um filme melhor, mais divertido e bem amarrado - agora fica mais claro como Matt e a própria polícia descobrem que Wilson Fisk é o Rei do Crime. O relacionamento de Matt e Elektra adquire um caráter platônico, mas que faz bem mais sentido, e o conflito entre a formação católica do herói e seus atos como um justiceiro é explorado de forma mais incisiva.