Crítica sobre o filme "Doidas Demais":

Rubens Ewald Filho
Doidas Demais Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/05/2003

Depois do fracasso comercial de ´´Quase Famosos´´, era de esperar destino semelhante para ´´Doidas Demais´´, uma comédia estrelada por duas atrizes com mais de cinqüenta anos (Goldie Hawn nasceu em 1945, Susan Sarandon em 1946) e portanto não tem maior apelo para o público jovem que mais freqüenta as salas. Mas ambas são ótimas e premiadas com o Oscar, em geral as pessoas preferem Goldie (que chegou a ser indicada ao Globo de Ouro por comédia) mas eu, em particular, fico com Susan, uma atriz mais versátil, humana e discreta. Mas a demografia não ajuda, pior ainda é o roteiro do diretor Bob Bolman, que é parco em piadas, farto em lugares comuns, soluções previsíveis e reviravoltas completamente absurdas.

Esta seria a história de duas groupies, ou seja, duas garotas que nos anos 1970 faziam questão de dormir com roqueiros (e as vezes alguns técnicos) de bandas famosas. Muito amigas, eram chamadas de ´´Banger Sisters´´ (de ´´bang´´, que é transar com muita gente, embora não sejam irmãs de verdade). Quando o filme começa, Suzette (Goldie) é mandada embora do barzinho que trabalhava em Los Angeles e resolve ir visitar a amiga, agora chamada Lavinia (Susan), que está casada e com filhos em Phoenix, Arizona. Pega o carro velho e então começam as bobagens, coisas de cinema. Ela dá carona para um sujeito excêntrico, uma figura complicada e suicida, roteirista de Hollywood (feito por Geoffrey Rush, que hoje me parece um erro do Oscar por ´´Shine - Brilhante´´). A relação deles passa do improvável e do aceitável em comédia, é totalmente absurda e boba, e não muito engraçada. Enfim, claro que quando encontra Lavinia, ela virou uma burguesa que esconde seu passado. Mas não pense que nenhum grande conflito vai suceder com a família ou os amigos. Os filhos ainda têm algumas crises bobas (até que Eva Amurri, filha da vida real de Sarandon e do diretor Franco Amurri, se sai bem), porque estão transando e usando drogas, o que naturalmente Suzette irá ajeitar. A mudança de comportamento de Lavinia é igualmente improvável e mal desenvolvida.

Aliás todo o roteiro é uma lástima, jogando fora todas as oportunidades em troca de uma narrativa boba de rotina, se não desagradável, perfeitamente descartável. Mais um desperdício.