Crítica sobre o DVD "Diretor" do filme "Hellboy":

Jorge Saldanha
Hellboy Por Jorge Saldanha
| Data: 31/03/2005

Os DVDs vêm acondicionados na conhecida embalagem plástica Amaray para dois discos, que por sua vez é envolta por uma luva de cartolina com uma ilustração de Hellboy (do próprio Mignola) nas cores vermelha e preta (a ilustração da embalagem plástica é a mesma da versão para locação, exceto por não apresentar o título do filme e nem incluir Abe Sapien e Liz). Já havia assistido à versão de locação que a Sony lançou por aqui há alguns meses, e não posso afirmar com toda a certeza, mas parece-me que a transferência anamórfica (1.85:1) desta Edição do Diretor é um pouco superior àquela, que já era muito boa. Fora um pouco de granulação notada nas cenas de abertura, a qualidade do vídeo é impecável. As cores são vivas, as texturas são variadas e os tons escuros são profundos, dando ao filme a atmosfera que ele requer. O áudio Dolby Digital 5.1, em inglês e português, é irrepreensível. O nível dos diálogos é perfeito, sem distorção, e a mixagem dos efeitos sonoros e da trilha musical colabora para criar uma experiência auditiva imersiva, com os canais surround e o subwoofer sendo exigidos na medida certa. As legendas em português, inglês e espanhol, são amarelas. Os menus animados, com cenas extraídas do filme, merecem nota dez, e de modo geral este é um DVD de qualidade técnica primorosa.

Mas chega de elogios e vamos às más notícias, que como você já deve ter presumido, referem-se aos extras desta edição. Até o momento, HELLBOY foi lançado em duas edições na Região 1: uma Special Edition com a montagem do filme exibida nos cinemas, com dois discos (o disco 1 desta edição foi lançado no Brasil somente para locação, sem qualquer extra), e uma Director’s Cut de três discos contendo uma versão com 10 minutos a mais de duração e extras adicionais, além dos que já existiam na Special Edition. Portanto, você já deve ter notado que esta Edição do Diretor, se fosse equivalente à Director’s Cut lançada na Região 1, também deveria ter três discos, e não apenas dois. Resumindo: para venda direta, no Brasil, a Columbia (agora Sony também por aqui) não lançou a Edição Especial completa de HELLBOY, mas sim esta Edição do Diretor – o que seria uma decisão até interessante (já que a versão de cinema saiu para locação), não fosse pelo detalhe de ter sido eliminado um disco de extras. E pior, perdemos exatamente o disco que continha o melhor e mais abrangente material adicional, como se pode ver pela relação do conteúdo do disco 2 da Director’s Cut da Região 1:

- Introdução em vídeo de Selma Blair (ela é bem mais bonita que o Ron Perlman…);

- Hellboy: Sementes da Criação: documentário de duas horas e meia sobre a produção do filme, sem dúvida o melhor extra de todos;

- Três cenas eliminadas com comentários opcionais de Guillermo del Toro (detalhe: estas cenas NÃO estão na Edição do Diretor);

- Biografias dos personagens escritas pelo diretor;

- Cinco comparações de cenas com storyboards animados;

- Animatics;

- Análise de quatro cenas geradas em computador;

- Galeria de vídeos com esculturas de personagens em 3-D;

- Trailers e spots de TV;

- Filmografias;

- Posters.

Temos então, aqui, uma situação que pode chegar a ser surrealista: você aluga a versão de HELLBOY nas locadoras, e assiste já de saída uma propaganda anunciando o lançamento da Edição Especial de dois discos para março de 2005, onde vê a atriz Selma Blair fazendo a introdução do disco 2 e informando sobre o documentário “Sementes da Criação” (que, pelo jeito, permanecerá eternamente inédito no Brasil). Depois, você compra esta Edição do Diretor, coloca o disco 2 de extras e, na introdução, vê, lê e ouve Ron Perlman anunciar “Bem-vindos ao disco 3 de HELLBOY”... .

 

Depois de tudo isso, dizer mais o que? Mesmo que um disco duplo de HELLBOY já estivesse mais do que bom para o nosso mercado (afinal, ele é um personagem que não é muito conhecido por aqui), não há justificativas para o desleixo com este lançamento "dos diabos". E só me resta assinar embaixo das críticas do Edinho feitas na resenha da Special Edition (Região 1) de HELLBOY, sobre a falta de consideração das distribuidoras para com o mercado brasileiro consumidor de DVDs. Que começa com essa nefasta política de diferenciação de lançamentos para locação e venda direta (afinal, há justificativa para que o preço de um DVD de locação simples e às vezes tecnicamente precário, com um custo de produção baixíssimo, seja quase o triplo do de um DVD para venda direta duplo caprichado, cheio de extras? Seria apenas o fato de ele chegar às locadoras três meses antes, pela simples vontade da distribuidora?), e passa por lançamentos mutilados como este aqui.