Crítica sobre o filme "Mamma Roma":

Eron Duarte Fagundes
Mamma Roma Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 26/03/2004

Mamma Roma (1962) é um dos filmes mais bem comportados do controvertido cineasta italiano Píer Paolo Pasolini. Dentro de sua uniformidade clássica, a realização de Pasolini segue as influências de um neo-realismo tardio, numa época em que há muito alguns mestres da escola (Roberto Rossellini, Vittorio de Sica, Federico Fellini) já tinham virado a página. Mesmo assim, anacronicamente belo, o trabalho do realizador de uma obra tão perversa quanto Salò, ou os 120 dias de Sodoma (1975), seu derradeiro e cruel olhar pousado sobre o mundo que assassinaria o cineasta em novembro de 1975, toca-nos por sua intensa ternura na contemplação da relação entre uma mãe (Anna Magnani em sua mais característica interpretação) e seu filho. Estribado na capacidade de interpretação do elenco, Mamma Roma, lenta fluidamente, acaba por apaixonar imperceptivelmente o espectador.