Crítica sobre o filme "Marca da Maldade, A":

Eron Duarte Fagundes
Marca da Maldade, A Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 08/12/2003

O norte-americano Orson Welles expande sem pudores seu ego em seus filmes. A marca da maldade (1958) é um de seus trabalhos mais característicos. O culto do grande homem mau, o homem complexo e obscuro, em que desfilam Kane, Arkadin, Joseph K. ou mesmo o próprio artista de Verdades e mentiras (1975), volta a integrar um difícil e perturbador universo cinematográfico. Welles interpreta Hank Quinlan, um policial maquiavélico e forjador de provas para incriminar aqueles a quem seu peculiar senso de justiça já condenou. Contrapondo-se à figura gorda e fisicamente asquerosa desta criatura, surge em cena um casal romântico, vivido por um galã como Charlton Heston e por uma loira sensual como Janet Leigh, ambos no esplendor de seus anos. O sutil comportamento malévolo das personagens (há uma festa de arromba, onde os exageros modernos poderiam pôr muita droga e sexo, mas Welles prefere o jogo da simulação fazendo de conta) atravessa o fio narrativo.