Crítica sobre o filme "Missão: Impossível 2":

Marcelo Hugo da Rocha
Missão: Impossível 2 Por Marcelo Hugo da Rocha
| Data: 20/08/2001

Era missão bem possível uma continuação do sucesso (inesperado, devido a má sorte das outras adaptações de produções e seriados da década de 60/70), mas como superar em qualidade o primeiro filme, dirigido por Brian De Palma? Depois da continuação, as opiniões não ficaram muito divididas não: a grande maioria preferiu o primeiro.

John Woo vinha de um grande filme, A OUTRA FACE ("Face/Off"), sua verdadeira estréia no cinemão americano (tínhamos O ALVO e A ÚLTIMA AMEAÇA), imprimindo o seu estilo e habilidade nas cenas de ação. Tom Cruise tinha aparecido no quase-independente MAGNÓLIA (que lhe rendeu uma indicação ao Oscar) e do último filme de Stanley Kubrick, o difícil DE OLHOS BEM FECHADOS, produção que custou a ser finalizada.

O que poderíamos esperar de uma reunião tão heterogênea? As imagens a conta-gotas que foram sendo jogadas nas telas de cinema seis meses antes do seu lançamento aguçaram demais os desejos de todos. Mas as pessoas acabaram não entendendo as cenas surreais de Woo, mesmo sendo uma das maiores bilheterias do ano de 2000. Deve se ter em mente, que muitas das cenas de ação nunca foram vistas antes, o que é bem difícil para os dias atuais. E este é o mérito do filme: a criatividade. O roteiro é um pretexto apenas para desfilá-las.

Muita gente torceu o nariz pelo romance exagerado imprimido na trama, mas este é um crédito que deve ser dado, pois um herói e mesmo um bandido são antes de tudo "humanos", e não apenas brutamontes como Stallone e similares. E esta é outra característica dos filmes de Woo, dar sentimentos aos protagonistas, mais reais e passíveis de ser entendidos. Veja, por exemplo, OUTRA FACE, o mocinho (John Travolta) não dava atenção à família e o bandido (Nicolas Cage), após trocar o rosto (e o posto), transforma o ambiente familiar. Da mesma forma aqui em M:I-2, cujos protagonistas apaixonam-se pela mesma mulher, e tentam protegê-la. Exageros à parte, é um ótimo filme de ação, com cenas marcantes e inesquecíveis. O diretor está em ótima fase, e Tom Cruise, com a moral "por cima" (apesar de ter perdido a minha preferida Nicole Kidman). Vale a pena ser visto e revisto!