Crítica sobre o filme "Paixão do Nosso Senhor Jesus Cristo, A":

Eron Duarte Fagundes
Paixão do Nosso Senhor Jesus Cristo, A Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 19/05/2005

Recuperado por Goffredo Lombardo para eternizar a memória de sua mãe, a atriz Leda Gys que no filme interpreta Maria, mãe de Jesus, A paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, datado de 1916, talvez seja a versão mais antiga em cinema que temos da história sagrada. Dirigida pelo italiano Giulio Antamoro, a realização é uma peça de museu, pré-histórica, que desconhecia as regras de continuidade cinematográfica estabelecida por O nascimento de uma nação (1915), rodado pelo norte-americano D. W Griffith.

As marcações cênicas desta velha película de Cristo obedecem a um esquematismo teatral; as características de ilustração visual da lendária trajetória do filho-homem de Deus serviram para plasmar em celulóide os signos cristãos. É uma coleção de figurinhas dum álbum bíblico: falta a dinâmica do cinema, o cinema mesmo talvez ainda não existisse, A paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo estava preso às artes antecessoras, o teatro e a pintura principalmente, nem os aspectos narrativos da literatura poderiam ser aqui bem evocados.

Longo caminho se percorreu para chegar a Mel Gibson e seu torturado e polêmico Cristo. No meio do caminho, um Cristo sutilmente irreverente do ítalo-americano Martin Scorsese.