Crítica sobre o filme "Pássaros Feridos, Os":

Edinho Pasquale
Pássaros Feridos, Os Por Edinho Pasquale
| Data: 10/06/2005

O grande sucesso de uma série realizada para a TV, graças ao início (ou praticamente o grande sucesso da época) da emissora de Silvio Santos, a então TVS, nos tempos em que a Globo era um grande monopólio da TV. Não foi a primeira série especialmente produzida para a TV que foi exibida no país, mas anteriormente esta, de certa forma, ousadia foi, se não me engano, realizada através de QB7 (com o canastrão Ben Gazarra, Anthony Hopkins e Leslie Caron, de 1974, considerada a primeira série de TV produzida nos EUA) e Raízes (“Roots”, produzida em 1977, sobre a escravidão americana), exibidos pela Tv do plim-plim. Isso sem falar em Shogun, protagonizada pelo mesmo Richard Chamberlain, que fez fama na época, talvez o principal motivo da escolha dele neste papel. A escolha de Rachel Ward, numa disputa até com Michelle Pfeiffer, até que foi acertada. O único ator australiano, desconhecido na época, Bryan Brown (de FX), acabou se casando com Rachel na vida real. Mas voltando aos fatos históricos da TV brasileira, Os Pássaros Feridos marcou época, menos pela seu melodrama, quase mexicano, por causa da estratégia de guerrilha do “mestre” (ops..) Sílvio Santos: enquanto eraexibida a novela com uma das maiores audiências da TV Globo, “Roque Santeiro”, a TV do seu Silvio deixava, propositalmente, apenas uma tela parada dizendo “depois da novela da Globo, assista ao capítulo inédito de Os Pássaros Feridos”. Uma batalha que se travou e que foi até hoje relembrada, pela “ousadia”.

Voltando ao filme propriamente dito, se tratava de um tema polêmico, na época. A linda história de amor proibido (para nós, nos anos de chumbo, quando qualquer motivo de certa forma fútil contra o “sistema”, seja político ou religioso, era um grande feito), o amor de um padre (no contexto da época, um tabu, quase que banal para os dias de hoje) num lugar distante, a até então desconhecida Austrália (não havia Internet nem Mad Max), com uma brilhante fotografia e, por que não atuação e direção de um produto ainda diferente.

Talvez hoje se perca pela idade, mas os que assistiram na época podem matar a saudade de um tempo até nostálgico. De certa forma, histórico.