Depois de Hollywood buscar inspiração nas histórias em quadrinhos e até em videogames, o que poderíamos esperar de um filme baseado em uma tradicional atração da Disneylândia? Provavelmente um grande abacaxi... mas Piratas do Caribe foi uma agradável surpresa e consagrou-se como uma das maiores bilheterias de 2003. Dirigido por Gore Verbinski (de O Chamado), o filme foi bem sucedido onde produções como Piratas, de Roman Polanski, e A Ilha da Garganta Cortada, de Renny Harlin, fracassaram. É uma bem humorada e divertida aventura com toques sobrenaturais, que consegue resgatar o gênero "filme-de-pirata", que também parecia ter sido amaldiçoado. Mesmo com uma trama longa demais e sendo um típico “filme-pipoca” (foi produzido pelo criador de blockbusters descerebrados, Jerry Bruckheimer), Piratas do Caribe é um filme envolvente que agrada e diverte a pessoas de todas as idades. Uma boa parte dos méritos cabem ao elenco simpático e competente. Johnny Depp tem uma interpretação afetada mas impagável como Jack Sparrow, Orlando Bloom (o Legolas da trilogia O Senhor dos Anéis e o Paris de Tróia) está um pouco apagado mas não chega a comprometer, e a belíssima Keira Knightley, uma das maiores revelações da nova geração de atrizes, ilumina a tela toda a vez que aparece. E não podemos esquecer de Geoffrey Rush, que com sua habitual competência faz um ótimo vilão. Soma-se a isso uma produção esmerada, com destaque para a caprichada reconstituição de época e a trilha original. Esta é de autoria (?) de Klaus Badelt, que teve uma mãozinha de “apenas” oito colegas da empresa Media Ventures, de Hans Zimmer (pelo jeito, ficou faltando apenas o próprio). Detalhe: o tarimbado Alan Silvestri (Van Helsing) compôs uma partitura original para este filme, que acabou rejeitada (em muitos cartazes, inclusive, o nome de Silvestri permaneceu).