Crítica sobre o filme "Vício Maldito":

Edinho Pasquale
Vício Maldito Por Edinho Pasquale
| Data: 29/03/2004

Saudosismos à parte, como é bom assistir a um filme onde a estória e, principalmente a atuação dos atores e da equipe técnica, tais como direção, roteiro e fotografia, eram o aspecto mais relevante de um filme. Sem grandes pirotecnias, apenas uma excelente estória a ser contada que nos prende desde seu início até o seu final.

O tema, ainda atual, mostra com uma certa densidade a relação entre um casal, um compelido a beber e o outro, tentando acompanhar para poder mostrar os seus sentimentos. Hoje o tema talvez seja substituído por outros elementos químicos, como as drogas (aqui o digo sem puritanismos), mas mostra até onde a força de um amor pode levar.

O sempre magnífico Jack Lemmon nos dá a leveza e ao mesmo tempo a densidade de quem está envolvido nesta situação, no caso o alcoolismo, e não o admite. Até que ele percebe que não está sozinho, com diálogos fantásticos que nos levam a duvidar de quem é a “culpa” (note as aspas). Qual o seu início? Como admitir? Como manter uma relação amando os defeitos e razões aparentemente convincentes? Como salvar a quem não se pode admitir a culpa de algum tipo de erro?

Bom, esta resenha não quer discutir o âmago da questão, mas ela é tão magistralmente apresentada que não deixa de nos levar a refletir. Afinal, este não pode ser o papel principal de um filme? Ou apenas estórias inverossímeis e cheias de efeitos especiais devem “entreter-nos”, já que o mundo está assim? E a questões básicas? Sim, neste caso sou saudosista. Nada como uma bela história que nos faz refletir apenas com os conceitos básicos de um bom cinema. Ah, também gosto de uma boa ação cheia de explosões, mas nada como um bom par de verdadeiros atores e de uma direção (em pensar que Edwards teve sua reputação em cheque por acharem que ele só sabia realizar comédias... E ele se utilizou até de um processo de hipnose numa das cenas com a excelente Lee Remick, diz a lenda) competente para realmente nos tocar e fazer pensar na vida.