Crítica sobre o filme "Bellini e a Esfinge":

Eron Duarte Fagundes
Bellini e a Esfinge Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 27/03/2003

 Apesar de buscar autenticidade no meio social em que se passa a história do livro de Tony Belotto, do qual é extraído o roteiro, o filme Bellini e a esfinge (2002), de Roberto Santucci Filho, apresenta um involuntário tom falso em sua narrativa que nasce da precariedade de sua realização. O cineasta não tem a habilidade do ofício para dirigir seu desarticulado elenco e conferir naturalidade aos diálogos bastante artificiais e fluência aos "arranjados" episódios policiais da historieta. Fábio Assunção é um desastre completo como o inspetor Bellini que deve investigar um trivial crime homossexual em São Paulo, mas até o charme de Malu Mader, esposa do autor do livro e cujas breves aparições são adrede lançadas numa aura de suspense erótico pelo diretor, se perde nos cacoetes deste que é um dos piores trabalhos do atual cinema brasileiro.

Os estereótipos (personagens mais do que previsíveis) correm soltos ao longo do filme. A exemplo de outras realizações recentes, como Bufo & Spallanzani (2000), de Flávio R. Tambellini, O Xangô de Baker Street (2001), de Miguel Faria Jr., ou A hora marcada (2001), de Marcelo Terano, Bellini e a esfinge alimenta o preconceito de que o gênero policial não é o forte de nosso cinema. Menos mal que há um Beto Brant com seu O invasor (2001) para provar o contrário.