Crítica sobre o filme "Cine Gibi - O Filme":

Eron Duarte Fagundes
Cine Gibi - O Filme Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 17/07/2004

O primeiro grande trunfo de Cinegibi, o filme: turma da Mônica (2004), produção de Maurício de Sousa dirigida por José Márcio Nicolosi, é a inteligência da armação de seu roteiro; costurado em cinco episódios (Em busca do nariz de Isabelle, Concurso de beleza, Um amor dentuço, O caça Sansão, Irmão Cascão), um pouco à maneira de certas realizações italianas que vêm desde o neo-realismo e chegaram às comédias dos anos 60 e 70, a narrativa nunca se dispersa, se fragmenta, mantendo uma surpreendente unidade de filmar. Até o uso de gente famosa para aparecer no topo de cada “conto cinematográfico” (o apresentador televisivo Luciano Hulk, a cantora Vanessa Camargo, a modelo Fernanda Lima, os cantores Pedro e Thiago, o próprio criador da Mônica Maurício de Sousa brincando com sua paixão por teatrinho de sombras), uso de evidentes intenções comerciais, não impede que Cinegibi conserve uma esperta inteireza fílmica.

Na verdade, a obra de Nicolosi e Maurício é também uma homenagem à paixão pelo cinema. A turma da Mônica a cada fragmento é vista, juntamente com muitas crianças, sentada em poltronas para ver a nova história de gibi a ser introduzida numa estranha máquina de projetar. Bem dialogado, impondo os sentimentos com delicadeza, Cinegibi é algo que eu preferiria recomendar às crianças brasileiras a vê-las debruçarem-se sobre estrangeirismos contemporâneos como Homem-Aranha 2 ou Shrek 2. Um pouco uma questão de resistência cultural.