Crítica sobre o filme "Desejo":

Edinho Pasquale
Desejo Por Edinho Pasquale
| Data: 25/08/2004

A grande central brasileira de dramaturgia televisiva, a TV Globo, começou a produzir as chamadas minisséries em 1982, com Lampião e Maria Bonita. Desde então, passou a ser um dos melhores produtos da emissora, exatamente pelas superproduções e textos que permitem explorar a nossa rica literatura sem o compromisso da audiência em primeiro lugar. Com isto, temos obras magníficas, outras nem tanto, mas que com certeza são muito superiores às telenovelas. Esta aqui, lançada em meados de 1990, com 17 capítulos, foi escrita por Glória Perez, hoje “cultuada” pelo sucesso de O Clone. Mas suas tramas são irregulares, por vezes até fracas. Glória está, quando desta resenha, tentando emplacar mais uma novela (América) que acaba apelando para as causas sociais, desta vez os deficientes visuais. Mas voltando para Desejo, a autora fez um excelente trabalho de pesquisa para mostrar os últimos dias de Euclides da Cunha, escritor de “Os Sertões”, assassinado pelo amante de sua mulher, Ana de Assis, interpretada por Vera Fisher.

A versão é bem romanceada, mas tem um belo trio de atores centrais que seguram bem a trama. Euclides, aqui vivido por um ícone televisivo, Tarcísio Meira, acaba descobrindo que sua companheira, Ana, que, se sentindo solitária devido as constantes viagens de Cunha, se envolveu com o aspirante a oficial Dilermando (o fraco Guilherme Fontes, mas bem neste papel). Mais uma vez a vida imita a arte ou vice-e-versa, pois a protagonista Vera Fisher estava no auge de seu casamento com o também mais jovem Felipe Camargo, que fizera com ela a novela Mandala, 3 anos antes. E aqui seu estigma se consolidava, de mulher fatal. A produção da série é extremamente caprichada, com uma ótima reconstituição de época. O elenco de apoio, afinado e grandioso, com mais de 100 atores. Causou polêmica na época, devido às críticas dos descendentes do casal Dilermando e Ana. Um dos grandes sucessos do formato, foi reprisada por duas vezes, em 1995 e em 1998, condensadas respectivamente em 12 e 8 capítulos.