Crítica sobre o filme "Didi - O Cupido Trapalhão":

Eron Duarte Fagundes
Didi - O Cupido Trapalhão Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 12/06/2004

Passam as décadas e o cinema colocado na tela por Renato Aragão, que antigamente gerenciava um grupo de quatro cômicos populares da televisão (a uns a morte levou), segue interessando seu público, apesar da precariedade e da superficialidade de suas formas e temas. A ensaísta gaúcha Fatimarlei Lunardeli, no fundamental Ô psit! O cinema popular dos Trapalhões (1996), fez uma exacerbada defesa do pobre cinema de Aragão; com brilho incomum, Fatimarlei colocou à disposição de sua análise refinadíssimos conceitos teóricos para reflexionar sobre filmes sem nenhum refinamento. Diz a pensadora: “Expressão legítima e autêntica de uma face da cultura brasileira, os filmes d’Os Trapalhões são continuamente menosprezados e destituídos de valor pela intelectualidade. Neles é criticada a dependência cultural em relação ao produto estrangeiro, sem que a crítica cinematográfica perceba a sua própria dependência a um modelo dominante de filmes estrangeiros.”

Agora Renato Aragão está novamente em cartaz com Didi, o cupido trapalhão (2003), dirigido por seu filho Paulo Aragão e por Alexandre Boury. As características repetitivas e fáceis do cinema de Aragão estão ali para buscar cativar a platéia de sempre. Inspirado numa peça clássica de William Shakespeare, com argumento do próprio Renato, Didi, o cupido trapalhão é todavia um exemplar anacrônico de comédia oriunda das velhas chanchadas brasileiras. Mas, como produto tipicamente nacional, talvez ainda funcione nas bilheterias do país.

Filme para adolescentes e crianças pouco exigentes, Didi, o cupido trapalhão é, como observa Fatimarlei sobre toda a produção dOs Trapalhões, feito para a massa e obedece aos processos usuais e sem novidades porque não caberia exigir do público uma elaboração maior do pensamento.