Não é raro o fascínio das pessoas por “amores bandidos”. Ou seja, sem se considerar a síndrome dos seqüestrados que acabam se identificando com os seus algozes, uma pitada de emoção na vida de muitas pessoas acaba seduzindo o lado negro, perigoso e marginal. Foi isto que este filme tentou retratar, com certa habilidade. E ainda aquela máxima: paixão se não escolhe. Num roteiro bem convincente, de Yoya Wursch, que até então havia se especializado em filmes para a adolescentes, como Beth Balanço, Rádio Pirata e Sonho de Verão, levou 18 anos para ser concluído. A protagonista, Maria Zilda Bethlen, nunca gozou da minha simpatia nas telas, confesso. Mas além de encarar a produção deste filme, não decepciona como atriz. Caco Sciocler, que na TV sempre faz papéis de judeu bonzinho, também está muito bem. Há pontas dos amigos de Maria Zilda, como Ney Latorraca e Cissa Guimarães. Mas a melhor interpretação vem de Imara Reis (ganhou um prêmio no Festival de Brasília pela atuação neste filme), talvez não tão conhecida pelo público televisivo. Além do reencontro com Christina Aché, a musa dos filmes sensuais dos anos 80 (que aliás protagonizou um filme com a mesma temática, Amor Bandido). Já o diretor José Antônio Garcia fez poucas realizações no cinema, principalmente na década de 80, com algumas películas quase pós pornochanchada, como O Olho Mágico do Amor e Estrela Nua. Realizou também o mediano O Corpo. Se o histórico dos atores e diretor não inspira muito interesse, o filme, que mal passou nos cinemas, chega a surpreender, sem ser uma verdadeira obra-prima, longe disso. Mas entretém até o seu final, com uma estória até que imprevisível ao passar dos minutos. Experimente assisti-lo. Mal não faz.