Crítica sobre o filme "Querido Estranho":

Edinho Pasquale
Querido Estranho Por Edinho Pasquale
| Data: 02/06/2005

Quem nunca teve problemas com a família que atire a primeira pedra. Claro que em graus diferentes, mas sempre nos deparamos com algum parente assim, rabugento, como o Alberto muito bem interpretado por Daniel Filho (ele mesmo confessa, nos extras do DVD, que quase ninguém se lembra que ele é ator). Se discute o que é viver em família, o grau de amor que se tem numa relação humana, principalmente entre pais e filhos, sem se esquecer da vida conjugal. Está tudo ali, transparente: a predileção do pai pela filha mais velha, a relação já desgastada depois de muitos anos de casamento, o pai que cobra do filho homem ser a sua imagem e semelhança, as frustrações pela falta de amor e carinho, o adultério, o sonho, o sexo e seus tabus, as frustrações, a compreensão (e a falta dela).

Com ótimos diálogos (no trailer já se percebe), o filme vai envolvendo o espectador até o seu final, um pouco discutível, talvez o ponto fraco do filme, junto com as fracas canções. O diretor Ricardo Pinto e Silva (que antes havia dirigido apenas Sua Excelência, o Candidato) deixa os atores soltos, aproveitando muito bem o texto de Maria Adelaide Amaral, "Intensa Magia”. Poucos cenários, basicamente a casa da família, com uma fotografia interessante, onde os atores é que se sobressaem, principalmente Daniel e Suely Franco.

Não chega ao brilhantismo de um filme de Woody Allen, um dos especialistas na retratação de situações familiares, mas com certeza é um filme que deve ser assistido por quem gosta de um humor diferente, irônico, até sarcástico, nunca grosseiro. Mais um bom filme brasileiro da safra de 2004.