Crítica sobre o filme "Taça do Mundo É Nossa, A - Casseta & Planeta":

Edinho Pasquale
Taça do Mundo É Nossa, A - Casseta & Planeta Por Edinho Pasquale
| Data: 15/10/2004

O que esperar de um filme da turma do Casseta e Planeta? Ora, é claro que o mesmo tipo de humor que eles fazem a tantos anos na Tv. Apesar de ter um tema central, o roubo da taça Jules Rimet, conquistada em 1970, o filme tem as várias estórias paralelas com piadas rápidas como no programa televisivo. É bem ambientado com edição de arte de época, mas é aquilo que já conhecemos: boas piadas e outras fracas. Depende do tipo de humor que cada um gosta, mas atende ao público em geral. Confesso que por ser de uma geração que foi influenciada pela rigidez dos chamados “anos de chumbo”, com os militares no poder, impondo uma forte censura, até me assustei um pouco com a irreverência (para dizer o mínimo) dos humoristas com relação a tudo o que aconteceu na época. Depois, tive até um certo alívio: os tempos realmente mudaram, pelo menos no sentido da liberdade de expressão, para melhor. Nessa época, o futebol era usado para "sossegar" a população e o tri-campenato de futebol foi usado como campanha do regime militar. Essa talvez tenha sido a boa sacada do tema do filme, cujo diretor conseguiu ao menos manter fio da meada, uma ligação, para as piadas e personagens, com boas sátiras à Jovem Guarda (eram chamados de alienados na época, fato até certo ponto "corrigido" pela história), aos hippies e às entidades estudantis e "de esquerda", por exemplo.

A turma usa e abusa das piadas fáceis e algumas de duplo sentido, com os atores/comediantes fazendo, como de hábito, vários papéis. No cinema, há uma liberdade maior com a linguagem e temas (como drogas), que na TV seria mais complicado. Há pequenas participações especiais, inclusive de jogadores que conquistaram o tri (Jairzinho e Carlos Alberto). O roteiro é uma boa farsa, distante do verdadeiro roubo (pra quem não sabe ou não se lembra, a taça foi realmente roubada, anos depois, e derretida para vender o ouro. Como diria Renato Russo: “Que país é esse?”). Dentre as boas piadas, há as que citam o próprio cinema (como a ótima “participação” de Woody Allen), outro bom achado do filme. Os efeitos especiais também estão bem feitos, a produção foi caprichada.

Concluindo, o filme acaba sendo quase que um “especial” do programa da Tv, um pouco mais longo. Que pode ser ótimo para muitos, mas grosseiro para outros. Talvez os mais jovens não entendam algumas piadas, é até um bom pretexto para se aprender um pouco de história, se informando sobre a época. Mas que acaba divertindo, acaba. Ah sim, a Déborah Secco aparece... quase no final.