Crítica sobre o filme "Baran":

Eron Duarte Fagundes
Baran Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 01/12/2003

Baran (2001), filme iraniano de Majid Majidi, segue os passos de empenho social de todo filme oriundo do Irã: uma premente questão do país aparece e o realismo extremamente documental da encenação remete um pouco ao neo-realismo italiano, outro pouco às técnicas despojadas dos franceses Robert Bresson e Eric Rohmer. Em Baran o aspecto social da realização vem basicamente do tema exposto: a proibição legal de afegãos poderem trabalhar no Irã, relegando este grupo étnico a uma miséria profundamente dolorosa e marginal; um empresário local desafia a lei, dando emprego a afegãos e topando problemas com os fiscais de sempre.

Majidi não logra universalizar e aprofundar seus assuntos, como ocorre com outros realizadores iranianos que melhor lograram adaptar originalmente as lições de um cinema realista e interior, entre eles Abbas Kiarostami, Moshen Makhmalbaf, Samira Makhmalbaf, Ebrahim Foruzesh e Jafar Panahi. Baran torna-se então uma narrativa arrastada, pesada. Para aliviar a tensão estética, é enxertada uma história amorosa entre dois jovens da construção, história que não se concretiza plenamente.

Apesar de sua aparente objetividade, falta a Baran uma clareza de intenções que o torne palatável a uma visão do espectador ocidental.