Crítica sobre o filme "Caros F... Amigos":

Rubens Ewald Filho
Caros F... Amigos Por Rubens Ewald Filho
| Data: 14/04/2012

Os asteriscos são disso mesmo que vocês estão pensando neste Caros F... Amigos, só que de forma carinhosa, não agressiva. Esta comédia italiana é o mais recente do veterano Monicelli, que fez sucesso há pouco com o negro mas brilhante “Parente é Serpente” e tem na carreira fitas clássicas como “Os Companheiros”, “O incrível Exército de Brancaleone” e os dois “Meus Caros Amigos” (o segundo chamou-se “Quinteto Irreverente”). Nem é preciso dizer mais nada. Se é verdade que aqui ele não chega ao nível de obra-prima, é sem dúvida um bom exemplar da comédia a la italiana, bem neo-realista, bem humana, gritada, social, como só eles sabem fazer. Liderado por um humorista veterano e muito popular na Itália, Paolo Villagio (que fez a Voz da Lua de Fellini), passa-se nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, na Toscana, quando a população mal tem o que comer e faz fila para conseguir alguma coisa, mesmo que por vigarice. O herói reúne um grupo de simpáticos mas incompetentes amigos que vão se apresentar em feiras populares como pugilistas. Claro que ninguém entende do assunto e eles vão passando por várias aventuras, como encontrar um soldado negro fugitivo que se une a eles, se apresentar no acampamento americano, uma garota que teve sua cabeça raspada por ter convivido com o inimigo, encontrar a família que escondeu o soldado negro. etc. É como um filme de estrada (eles viajam num velho caminhão) pelo qual desfila a miséria bem humorada. Monicelli desta vez não carrega demais na dose do humor negro. Os personagens são todos fáceis de gostar e o filme caminha com inteligência e sensibilidade. Fazia tempo que não viam comédias neste estilo e pensava-se até que os italianos tinham perdido a fórmula (Apesar do semelhante Mediterrâneo). É bom saber que fitas como esta ainda existem e os italianos ainda são bons de cinema.