Crítica sobre o filme "Coracao Valente":

Rubens Ewald Filho
Coracao Valente Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/04/2012

Mel Gibson já havia revelado talento para realizador com sua estréia em "O Homem sem Rosto", fazendo maravilhas com uma trama difícil e pouco atraente. Sai se ainda melhor nesta super produção medieval "Coração Valente", que tem como maior obstáculo sua longa duração (são quase três horas, embora o filme nunca canse ou aborreça). Outro problema: a violência. O filme é dos mais fortes com violência, ainda que justificada. Ele pretendeu fazer um retrato fiel de como se lutava ,matava-se e morria-se no século 13, por isso por vezes dá detalhes que pareçam brutais. Desnecessariamente. Para justificar essa violência inclusive por parte do herói, é que filme custa a começar. Leva bastante tempo para situar a história , mostrando o personagem desde criança, vendo a morte do pai, depois sendo criado pelo tio e retornando a sua aldeia escocesa para reencontrar a namoradinha de infância, agora bela mulher. Os dois namoram por um certo tempo, casam-se em segredo (para evitar que os dominadores Lords ingleses exerçam seu direito de primeira noite, ou seja passando a primeira noite com a esposa de seus vassalos) só para a jovem ser assassinada. Isso justifica então sua vingança, junto com uma mensagem forte pela Liberdade, contra a Tirania que os ingleses impuseram aos escoceses. Dessa forma “Coração” é até um filme político, populista, mostrando como um líder popular poderia enfrentar os nobres traiçoeiros e perigosos. Todo o épico é centrado nesse conflito, não dá para fazer uma guerra sem ajuda dos nobres, mas eles são venais e em troca de favores e terras passam para o lado do rei inglês. Um deles, feito por Angus McFeydan, um bom ator de futuro, é o mais conturbado, depois de dar a palavra, volta atrás, numa amizade não muito bem justificada.

De qualquer forma, como direção Gibson sabe movimentar a câmera, usar o efeito da câmera lenta, utilizar a trilha musical, até por momentos provoca uma empolgação. A sequência final seria insuportável caso não colocasse o lado romântico (além da mulher que ele perde o personagem tem um caso com a nora francesa do rei inglês, feita pela estrela francesa Sophie Marceau). O filmes só tem sido criticado por um motivo pela imprensa americana. Eles acham que Gibson é homófobo, ou seja contra os gays. Isso por declarações anteriores e pelo fato de pintar um retrato negativo e caricato deles, na figura do príncipe herdeiro (que é homossexual fraco). Realmente não custa dar uma visão mais humana e honesta dos personagens embora eu particularmente ache a sequência em que um personagem sai voando pela janela extremamente forte (inclusive porque o ator que faz o rei, Patrick McGoohan é o melhor do elenco, aliás na melhor coisa que fez em toda carreira). Já meio envelhecido como ator, com a simpatia como sua maior qualidade, Gibson parece ter um futuro promissor como diretor (aliás como é curioso que quase todos os astros se revelem competentes na direção!).