Crítica sobre o filme "Dez Mandamentos, Os":

Jorge Saldanha
Dez Mandamentos, Os Por Jorge Saldanha
| Data: 28/06/2012

Bem, com esta tardia resenha do clássico OS DEZ MANDAMENTOS completo uma não intencional “trilogia de épicos estrelados por Charlton Heston”, na qual também se incluem BEN-HUR e EL CID. Temos aqui, sem dúvida, um filme lendário que resistiu à passagem do tempo, não apenas pelos fantásticos valores de produção nele empregados, mas também pela história atemporal de resistência à opressão que narra. 

Sim, porque esta superprodução de Cecil B. DeMille, mais do que contar a história das pedras sagradas que continham as Leis de Deus, trata da resistência à escravidão, estruturada na forma de uma biografia do homem que liderou os Filhos de Israel em sua fuga do jugo dos egípcios: Moisés. Com suas quase quatro horas de duração, OS DEZ MANDAMENTOS é uma experiência cinematográfica única, que ainda cativa e deslumbra, apesar de seguidamente ser reprisado na TV e todo mundo saber praticamente de cor e salteado sua trama. 

Apesar de não ser o primeiro épico religioso a ser levado às telas, DeMille criou uma espécie de matriz para muitas superproduções que se seguiram, com direito a longos intervalos nos quais desfrutamos de sua pungente trilha sonora – composta por um então jovem Elmer Bernstein, que com este trabalho escreveu seu nome na história da Música do Cinema. Os premiados efeitos visuais eram muito avançados para 1956, destacando-se entre eles os utilizados para mostrar a separação do Mar Vermelho. Há várias pinturas e projeções de fundo, mas também muito do que vemos na tela, e que hoje seria criado através de computação gráfica, é real - como as amplas cenas do êxodo dos israelitas, que são de tirar o fôlego. 

Mas o pilar que sustenta esta grande obra, sem dúvida, é o duelo de vontades entre Moisés (Charlton Heston) e Ramsés (Yul Brynner). Com ambos os atores no seu auge, as cenas por eles divididas engrandecem a trama e se sobressaem mesmo entre os efeitos visuais, milhares de figurantes e cenários gigantescos. OS DEZ MANDAMENTOS é o tipo de filme que pertence a uma época que jamais voltará. Mas ainda hoje, como todo filme memorável, é inspirador para qualquer pessoa, independentemente do seu credo religioso. E, obviamente, nos presenteia com o grande Heston de barbas e cabelos brancos na encarnação definitiva de um dos maiores heróis bíblicos. Ou seja, simplesmente inesquecível.