Não se estuda muito hoje em dia o cinema do italiano Pietro Germi. Mas em determinada época ele foi muito considerado pelos confrades. Tendo iniciado com uma ligação ao neorrealismo italiano (as crônicas sociais), Germi migrou para aquela comédia leve e despretensiosa em que o cinema italiano se especializou.
Divórcio à italiana (Divorzio all’italiana; 1961) é um exemplar da veia cômica do realizador. O envelhecimento do humor de Germi é um dado, mas mesmo assim observar o comportamento de um cinema italiano médio da época, aquele que simplesmente buscava facilitar a vida do público.
Para começar, Germi utiliza o estrelismo de Marcello Mastroianni no papel central. Mastroianni está mais enfeitado do que nunca, e seus grandes atributos de intérpretes são praticamente eliminados de cenas visando ao lado mais comercial do cinema. É curioso também que Germi presta homenagem a um filme-escândalo da época também interpretado por Marcello, A doce vida (1960), de Federico Fellini; algumas imagens do filme de Fellini aparecem em Divórcio à italiana, de maneira um tanto quanto pretensiosa e deslocada.
A história do homem casado que se apaixona pela prima e quer matar a esposa para descasar-se alastra-se artificiosamente. Talvez em seu tempo fizesse algum sentido. Agora este sentido se esvai.