Crítica sobre o filme "Inquietos":

Eron Duarte Fagundes
Inquietos Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 17/07/2012

A junção de amor e morte já rendeu instantes impagáveis no cinema, de que O último tango em Paris (1972), do italiano Bernardo Bertolucci, é uma coletânea clássica e sempre arrebatadora. O americano Gus Van Sant, conhecido por suas aproximações excitantes à juventude americana, transpõe o tema do amor e da morte para o universo juvenil em Inquietos (Restless; 2011). Não chega a ter o poder de fogo cinematográfico dos mais bem sucedidos momentos do cineasta, como Últimos dias (2005), inédito nos cinemas brasileiros, e Paranoid Park (2007), uma experiência admirável de encenação com jovens; mas a presença da sensibilidade fílmica do realizador dribla as armadilhas de superficialidade do roteiro e transforma o encontro de dois jovens marcados pela morte (ele perdeu os pais num acidente, ela tem um tumor no cérebro que a está matando aos poucos, ambos vão encontrar-se evidentemente num funeral preparatório para o estado de alma deles) num evento amoroso que não deixará de cativar o observador.

Demais, a química dos atores centrais é envolvente. Henry Hopper (filho de Denis Hopper) e Mia Wasikowaska conduzem suas personagens com uma estranheza de gestos e falas às vezes kafkeana.