Crítica sobre o filme "Vingadores, Os":

Jorge Saldanha
Vingadores, Os Por Jorge Saldanha
| Data: 15/09/2012

OS VINGADORES (THE AVENGERS, 2012) é um verdadeiro sonho de consumo nerd, a concretização de algo que seria impensável há alguns anos – a reunião, em um único filme de grande orçamento, da elite (ou de, pelo menos, boa parte dela) de super-heróis dos quadrinhos Marvel. E detalhe, dirigida e co-escrita por aquele que talvez seja o maior nerd da atualidade em Hollywood – Joss Whedon, roteirista de quadrinhos, TV, cinema e responsável pela criação das séries cult BUFFY - A CAÇA-VAMPIROS, ANGEL, FIREFLY e DOLLHOUSE. Ou seja, um filme feito por fãs e para os fãs – o que nem sempre dá certo. 

A escolha de Whedon foi a última aposta do meticuloso projeto iniciado ainda em 2006, quando a Marvel Comics decidiu criar um estúdio próprio para realizar filmes com personagens cujos direitos ainda não haviam sido cedidos a terceiros – casos, por exemplo, de Homem-Aranha (Sony), Quarteto Fantástico e X-Men (Fox). Após um acordo com a Universal, que permitiu à Marvel retomar o Hulk, a partir de 2008 foram lançados cinco filmes solo dos principais super-heróis que seriam os protagonistas de OS VINGADORES, todos interligados por elementos que futuramente seriam agregados à trama do longa de Whedon, com destaque para aqueles referentes à organização S.H.I.E.L.D. 

Mas ainda havia dúvidas quanto à capacidade de Whedon em tocar o mais ambicioso filme da Marvel (comprada pela Disney em 2009), inclusive porque ele era, até então, um escritor cujos poucos créditos de diretor se limitavam a alguns episódios de suas séries e o longa SERENITY (2005), que foi um fracasso de bilheteria. Mas a aposta em sua habilidade de escrever (bem) para grupos de personagens deu certo, e isso, além da competência com que soube conduzir grandes “divas” como Robert Downey Jr, Samuel L. Jackson e Scarlett Johansson, foram fatores essenciais para tornar OS VINGADORES uma experiência bem sucedida. 

Fiel aos gibis, com ótimos diálogos enriquecendo a simplicidade da trama e com uma produção refinada, OS VINGADORES, em suas quase duas horas e meia de duração, é diversão pura que passa num piscar de olhos. O filme é quase o oposto à sisudez da trilogia BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS, dirigida por Christopher Nolan, e nele vemos a obra de mestres como Jack Kirby, Joe Simon e Stan Lee ganhando vida nas telas, numa espécie de tributo a essa mídia até há pouco tempo considerada menor, até mesmo marginal, mas que hoje carreia bilhões aos cofres de Hollywood. 

Enfim, OS VINGADORES é o fechamento da primeira parte do projeto da Marvel que agora passa a ter o acompanhamento global de Whedon, e que inclui novos filmes do Homem de Ferro, Thor e Capitão América, séries de TV da S.H.I.E.L.D. e do Hulk e a aventura espacial com os menos conhecidos Guardiões da Galáxia, cujo filme estreia em 2014 e terminará com um gancho para o já muito aguardado OS VINGADORES 2, que chegará aos cinemas em maio de 2015.