Paraísos artificiais (2011), o novo filme do brasileiro Marcos Prado, começa tateando, molenga mesmo; os atores parecem pouco à vontade no universo meio obscuro, filmado fragmentadamente, em que vivem suas personagens e as falas se trivializam desajeitadamente como num teatro de colegiais; mas, de inopino, as coisas avolumam-se, a narrativa ganha um peso dramático inesperado e o resultado não é o desastre que prometia águas adentro.
Não é nenhum primor de cinema. Mas, ajeitadinho, o filme passa a interessar. Entre o Brasil e a Holanda, o Rio e Amsterdã se passa a história contada em Paraísos artificiais. As criaturas se sacodem dionisiacamente, mais na Holanda do que no Brasil. Drogas e juventude constroem o psicodelismo de filmar da realização. Dois irmãos (o mais velho está saindo da prisão no início do filme, sabe-se depois que sua prisão se deveu a drogas trazidas da Holanda e surpreendidas pela polícia ao desembarcar no aeroporto brasileiro) e uma DJ estão no centro de tudo; Nathalia Dill e Luca Bianchi costuram os clichês interpretativos e dramáticos a que o filme se entrega.
Nada de voos elevados. Um rasante para satisfazer um certo cinema de consumo vidrado na vibração de viver.