Crítica sobre o filme "Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros":

Rubens Ewald Filho
Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros Por Rubens Ewald Filho
| Data: 18/10/2012

O cineasta Timur Bekmambetov nasceu na antiga União Soviética. Mudou-se aos 19 anos para o Uzbequistão, onde se graduou em 1987 e após servir no exército, trabalhou no teatro Ilkhom e Uzbekfilm. Nesse período, iniciou sua carreira como diretor de cinema. Entre 1992 e 1997, foi um dos realizadores de comerciais mais conhecidos da Rússia. Realizou mais alguns trabalhos, mas ganhou projeção internacional em 2004, com o filme Guardiões da Noite, produção fantasiosa, primeira de uma trilogia, que representou a Rússia no Oscar e se tornou o longa mais visto da história do país.

Esse êxito rendeu ao cineasta um convite para dirigir sua primeira produção hollywoodiana, O Procurado, bem sucedida adaptação de uma graphic novel, com Angelina Jolie e Morgan Freeman, que recebeu duas indicações ao Oscar em melhor som e mixagem. Produziu com Tim Burton a animação 9 (Idem), 2009, dirigido por Shane Acker. E também Apollo 18 - A Missão Proibida (Apollo 18), 2011, de Gonzalo Lopez Gallego; A Hora da Escuridão (The Darkest Hour, 2011, de Chris Gorak) etc.

Em 2012, fez outra ousadia e adaptou o best-seller Abraham Lincoln, Caçador de Vampiros em 3D. A ideia não foi dele, mas de Beth (homem) Grahame-Smith (nascido em 76). Ele também fez Dark Shadows (!?) e já escreveu outro livro, insistindo na mesma ideia com Orgulho e Preconceito e os Zumbis! Sugiro mudar logo de gênero, porque a qualquer momento podemos ter imitações como “Janio Quadro contra as Forças Ocultas”, “Carlos Lacerda e a Mensagem do Corvo” e mais, e não vou e nem preciso ir adiante. Vocês já sacaram tudo. Já gostam tanto de David Lynch, no mínimo são capazes de suportar minhas alegorias.

O que eu gosto do Timur é seu tratamento delirante de imagens, sempre em perpétuo movimento, travelings deliciosos. Vamos nos livrar primeiro dos defeitos. O moço escolhido, Benjamin Walker, para protagonista quando Lincoln jovem, não tem cara, pode ser qualquer um e se perder no anonimato. Quando de repente o filme dá um pulo considerável, aí entra o Lincoln que conhecemos. Pergunta a qualquer criança da sua família quem foi ele e no máximo ela vai lembrar de um carro que levava esse nome faz tempo. É como se sua maquiagem tivesse sido montada com tanto cuidado, que ele não podia cair literalmente da peruca. Fica meio parecido, mas nada vem de dentro, é um ator oco. Junto a sua mulher (dizem os livros de história que, além de chata, era um pavor de feia, mas a colocaram no lugar uma garotinha bonitinha). Vai ver Timor não sabe falar inglês, porque ninguém especialmente está bem, mesmos vilões como Dominic Cooper (que eu curto). Mas não é porque tem inglês que necessariamente tudo é Shakespeare.

Perdoam-se os canastrões em desfile, porque quem assina produção é Tim Burton, e em certos momentos ouve-se ele xingando atrás (atenção, isso é apenas piada, não levem a sério. Se bem que a imagem de Burton num tilt é irresistível, bem divertida). Começa com ele pequeno e perdendo a mãe para vampiros, que eram muito comuns nos Estados Unidos (aí sim, está a mão de Burton, porque ambos já foram vitimizados tantas vezes - eles que criam, realizam, e quem vê o dinheiro são os produtores e grandes chefes. Para quem não percebeu, é uma óbvia alegoria. Mas certamente vão pensar que é uma homenagem ao grande trio/quinteto de Crepúsculo. Esquece essa ideia, porque pode ofender alguém)... Daí em diante, será um filme de vampiro, desde que sigam novas regras, uma delas não serve para nada, porque eles podem viver na luz do dia (e ponto final). Abe, desculpe a intimidade, quer vingar sua mãe, mas em compensação, fez um bom grupo de colegas e amigos que o ajudarão durante a Guerra Civil. Não pense que vai ver a guerra, porque há somente um momento brilhante: Abe e um inimigo tentam escapar de um estouro de cavalos (é um show de efeitos, que deve ter sido feito assim, senão eles teriam problemas com a Sociedade Protetora dos Animais, mas mesmo deste jeito é discutível).

Fiquei com a impressão que os poucos que viram por aí não entenderam nada. Desculpa mas não vou ser eu a explicar, não está infestado de curso de cinema por aí? Que se virem.