Se o lançamento em DVD da trilogia original de Indiana Jones foi um marco em função da cuidadosa restauração / remasterização dos filmes, a chegada da série em Blu-ray, agora incluindo o mais recente INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL, não fica atrás, possibilitando que nos deslumbremos ainda mais com as aventuras de Indy em alta definição. Nossa edição, que difere das comercializadas nos EUA apenas na embalagem (enquanto lá ela segue o estilo cardboard do box de STAR WARS, aqui ela é uma bonita digipak envolta em luva de cartolina), traz uma quantidade considerável de extras e, principalmente, os quatro filmes em cristalinas transferências anamórficas 1080p/AVC MPEG-4, na proporção de tela original 2.35:1 – e todos, como é comum nas produções da LucasFilm, com certificação THX para áudio (original) e vídeo.
OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA foi o único dos filmes que, além de nova transferência em alta definição e correção digital de cores, também recebeu uma nova restauração, que envolveu tanto Steven Spielberg como George Lucas. Os negativos originais 35mm foram escaneados em uma resolução 4K, e os danos removidos digitalmente quadro-a-quadro. Não há indícios de aplicação de DNR (ou tampouco de Edge Enhancement), e a moderada granulação original da película foi preservada. Apesar dos 31 anos de idade, a imagem possui excelente detalhamento, impressionando especialmente nos close-ups. O nível do preto é sólido, e a paleta de cores é vibrante. Aqui criou-se uma certa polêmica, porque em comparação com o DVD nota-se que a correção de cores atenuou os tons azulados originais. Contudo as cores são acuradas, e os tons de pele, naturais. De resto, algumas deficiências, como certas sequências que parecem um pouco suavizadas ou fora de foco, remontam às lentes empregadas na filmagem original. A composição dos efeitos visuais da ILM, em especial na conclusão, resistem bem à alta definição. Dos quatro filmes, o primeiro é o que fornece a melhor apresentação visual.
Para o lançamento em Blu-ray, INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO recebeu nova transferência em alta definição, com correção digital de cores – sem, contudo, provocar uma mudança geral de tonalidade como em OS CAÇADORES. Na maior parte do tempo as cores são vibrantes, em especial nas cenas ambientadas nas florestas da Índia. A granulação original de película faz-se presente, assim como o elevado nível de detalhes, mesmo nas cenas escuras passadas dentro do templo. Os pretos são fortes, e os efeitos visuais também resistem à alta definição – ainda que em alguns casos não tão bem quanto os de OS CAÇADORES. Temos uma apresentação visual não tão impressionante quando à do filme original, porém em se tratando de um título de catálogo, ela chega próximo da excelência.
O tratamento dado a INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA, para seu lançamento em Blu-ray, também se limitou a uma nova transferência com correção digital de cores, sendo o resultado final tão bom (talvez até um pouco melhor), que o de O TEMPLO DA PERDIÇÃO. Respeitando a concepção visual original, temos a moderada granulação fílmica original e cores sempre vibrantes. Os pretos são sempre fortes, e os tons de pele acurados. O nível de detalhes é elevado, o que ajuda a realçar os recortes de imagem na composição dos efeitos visuais nas cenas da perseguição aérea. Também aqui, por tratar-se de um filme de catálogo, sua apresentação pode ser considerada aima da média.
Dos quatro filmes, INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL não recebeu qualquer tipo de tratamento especial, o que seria desnecessário já que se trata de uma produção bem recente. Para o único título da série até então disponível em Blu-ray, aparentemente foi utilizada a mesma transfer em alta definição do BD duplo lançado em 2008. Em plena era das câmeras digitais de altíssima definição, a exemplo dos demais o longa foi rodado em 35mm, mas a paleta de cores “moderna”, tendendo para o amarelo-esverdeado, foi a que menos me agradou entre todos eles. A granulação natural da película se faz presente, os pretos são sólidos, e as cores, fortes e estáveis. O nível de detalhes é bem elevado, e os efeitos visuais em CGI não possuem falhas que possam ser realçadas.
No que se refere ao som, cabe ressaltar que OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA, além da remasterização, também passou por uma restauração de áudio: a partir da master original do sound designer Ben Burtt, que estava arquivada desde 1981, os canais surround foram reconstruídos empregando-se os efeitos sonoros gravados originalmente em estéreo, mas que para o lançamento em DVD foram mixados em mono. Além disso, o canal de graves foi refeito e o volume do canal central passou por retificações. A faixa lossless DTS-HD MA 5.1 resultante, comparada com as mixagens modernas, obviamente não pode ser considerado de referência, mas para um filme com mais de trinta anos soa espetacular. E a trilha sonora de John Williams nunca foi ouvida com tamanha qualidade.
Tanto INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO como INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA, pelo que consta, não receberam restauração de áudio, mas tão somente remasterização. De qualquer maneira foi o suficiente para que apresentassem faixas DTS-HD MA 5.1 que se equivalem à de OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA. Música, efeitos sonoros e diálogos são exemplarmente reproduzidos, com os canais surround propiciando ótimo envolvimento tanto em cenas mais calmas como de ação alucinante. Os graves são potentes, e a música de John Williams, mais uma vez, é belamente reproduzida. No entanto, e sem surpresa, é INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL que traz a faixa lossless mais dinâmica de todos os filmes, fruto de sound design e processos de gravação e mixagem já concebidos dentro dos parâmetros dos filmes modernos. Se no Blu-ray de 2008 a faixa lossless era Dolby TrueHD 5.1, aqui (provavelmente para fins de padronização) ela foi substituída pelo codec DTS-HD MA, que soa igualmente impressionante. Em comparação aos outros filmes, notamos aqui os graves mais agressivos e a ambientação sonora superior. Os diálogos, sempre claros, nunca são atrapalhados por efeitos ou pela música (que novamente possui uma reprodução excelente).
Além do áudio original em inglês sem perdas, há faixas lossy (com perdas) Dolby Digital 5.1 em português, espanhol e francês, e aqui um fato digno de nota: além das novas dublagens 5.1 da trilogia original, feitas para os relançamentos dos DVDs, foram incluídas as dublagens mono com que esses filmes foram exibidos na TV nas décadas de 1980 e 1990, e que foram disponibilizadas apenas no primeiro box, de 2003. Creio ser a primeira vez, seja em DVD ou Blu-ray, que temos não uma, mas duas faixas em português, o que certamente agradará em cheio aos saudosistas. Contudo, para quem busca a máxima qualidade na reprodução sonora, apenas as faixas lossless é que contarão. Temos legendas disponíveis em português, inglês, espanhol e francês, e os belos menus, principais ou pop-up, estão disponíveis apenas em inglês.