Sam Mendes dignifica a nova aventura do agente secreto inglês James Bond. Mesmo lidando com as necessidades caricaturais e às vezes ridículas do universo cinematográfico primitivo e primário de Bond, Mendes demonstra, em 007 —operação skyfall (Skyfall; 2012), que um bom diretor, dotado do senso de cinema, sabe driblar estes entraves e impor-se até àqueles espectadores que resistem as aceitar o cinema somente como um espetáculo. É o que 007 —operação skyfall é: um espetáculo simplesmente, um entretenimento que não exige além de um prazer arcaico do olhar, e para isto Mendes executa com brilho seu cinema de belas imagens em divagações internacionais.
Daniel Craig e Judi Dench desincumbem-se de seus papéis sem maiores inventividades e com uma certa carga de inexpressividade e preguiça, a despeito das turbulentas ações físicas em que se envolvem. O espanhol Javier Bardem está meio desfocado e repetitivo na figura exagerada de um vilão que ele parece querer incorporar desde o alucinado matador de Onde os fracos não têm vez (2007), dos irmãos Coen. Mas as debilidades do elenco são suplantadas pelo brilho de um estilo de filmar.