Este é um dos melhores filmes de Marilyn (e também dos primeiros onde confirmou seu talento de comediante). Tudo porque foi dirigida pelo mestre Wilder (1906-2002), o mesmo que depois a controlaria ainda melhor em Quanto Mais Quente Melhor. Vendo o filme, porém não há duvidas de que Marilyn era excepcionalmente fotogênica e bela (o filme estreou justamente quando a revista Playboy publicou suas fotos nua, o que apenas ajudou sua carreira) . Faz o clichê da "loira burra", mas de forma solar, encantadora. O texto foi baseado em uma peça de George Axelrod, que foi montada no Brasil com Tonia Carrero e Paulo Autran. Axelrod também fez Bonequinha de Luxo e Sob o Domínio do Mal.
O filme é narrado pelo homem (a tal ponto que Marilyn nem tem nome, é apenas a garota). No caso, Richard (Ewell), que imagina tudo que poderia acontecer com a vizinha de cima. Há boas piadas, momentos famosos (como o do vento no metrô que levanta o vestido branco de Marilyn nas ruas de Nova York. Mas cuidado, a cena fica melhor em fotografias do que em Cinemascope. Mas foi por causa dele e dos ciúmes que o marido de Marilyn, Joe Di Maggio, pediu divórcio. Por causa do barulho da multidão, a cena teve que ser repetida em estúdio).
Há outros grandes momentos (prendendo o dedo na torneira da banheira, andando sempre com o ventilador e o casal tocando o Bife no piano. Assim como é bem utilizando o temo romântico de Rachmaninoff). No elenco, Billy fez questão de usar como coadjuvantes gente famosa, como a estrela Evelyn Keys (uma das irmãs de E o Vento Levou) como a esposa e o galã Sonny Tufts como possível rival. E ainda nomes de prestígio, como Carolyn Jones (A Família Addams da TV, a estrelinha Marguerita Chapman como secretária. Sem esquecer a trilha charmosa de Alfred Newman. Letreiros modernos de Saul Bass. Ainda assim, certos detalhes (ventilador/ar-condicionado) o deixam um pouco datado.
Tom Ewell ganhou Globo de Ouro de comediante. Foi durante as filmagens que terminou oficialmente o casamento de Joe DiMaggio (famoso jogador de beisebol). Quem quiser visitar o lugar em que o vestido de Marilyn sobe, o endereço é 52n St esquina da Lexington Avenue. Wilder chegou a pensar no novato Walter Matthau para o papel central, mas o estúdio o achou desconhecido, preferindo o criador do personagem na Broadway. Apesar de atrasos, o filme foi sucesso de bilheteria. Vanessa Brown foi quem criou o papel no palco. A Fox chegou a pensar a refazer o filme com Al Pacino e Melanie Griffith. E em George Cukor antes de Wilder. Marilyn teria sido obrigada a fazer O Mundo da Fantasia para estar neste filme.