Crítica sobre o filme "360":

Eron Duarte Fagundes
360 Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 23/08/2012

Há quem se deixe enganar pela megalomania de superprodução de 360 (2011), o mais recente filme do brasileiro Fernando Meirelles. Trata-se da tentação de internacionalização que de quando em quando bate à porta do cinema brasileiro. Mas é falsificada: sente-se que a autenticidade não é o forte das histórias contadas em 360.

Meirelles foi sofisticando cada vez mais seu estilo de filmar, para obedecer às pinturas de cena dum cinema que se quer internacional. Mas é uma superfície visual. Não tem profundidade nem aquela organicidade que faz uma aliança entre roteiro e encenação. Falando nisso, o roteiro dispersa histórias que só a muito custo, e com muito boa vontade, se ajuntam como um filme.

Há, é claro, uma certa graça nesta viagem cinematográfica por diversas etnias, misturando garotas eslovacas que querem fazer a vida na Europa, um ricaço que gosta de humilhar as pessoas com seu dinheiro, o motorista do rico que no fim decide libertar-se e outros seres diversos que circulam por Minneapolis, Paris, Viena e Bratislava.

O cinema de Meirelles dá bem a impressão de alguém que quer fugir a suas origens. Ainda se o fizesse com senso cinematográfico, vá lá.