Felizmente ainda tem distribuidores que tentam lançar filmes italianos no mercado brasileiro apesar das dificuldades. Antigamente a gente conhecia todos os astros da Itália que eram enormemente populares por aqui .
Infelizmente o cinema lá enfrenta dificuldades econômicas, aliás, como todo País e não reconhecemos os nomes ou os rostos (uma das poucas sobreviventes da Idade de Ouro do cinema italiano é Stefania Sandrelli, que era adolescente quando foi revelada em Divórcio a Italiana, de Pietro Germi, e hoje faz papeis de matrona, ainda bonitona por sinal).
Não há como negar que o cinema italiano já não tem mais o mesmo padrão de qualidade, de uma época em que exibia os melhores fotógrafos, os melhores diretores de arte e mesmo compositores. O cinema deles tinha uma cara e um padrão, que hoje se perdeu. Mas ainda tem características próprias, continua ser a humano, popular, intensamente crítico e dramático sem cair em clichês.
Dentre seus novos valores descobertos pelo Festival de Cannes está este Paolo Virzi (este já é seu décimo terceiro trabalho como diretor e segundo me parece vimos apenas um deles no Brasil, que foi Meu Caso com o Imperador (2006), com Daniel Auteil e Monica Belucci, que está longe de ser o mais característico e pessoal, mas que eu descrevi como “Boa comédia italiana que conta em tom de farsa, como teria sido a estadia do Imperador Napoleão na Ilha de Elba em seu exílio, depois de Waterloo.
Esta nova comédia dramática foi super premiada, ganhou três Davids de Donatello (ator, atriz e roteiro), e mais 15 indicações, ganhou festivais de Salerno,Sannio e Montpellier, foi finalista como diretor no European Film Award. Além de ter sido indicado oficialmente ao Oscar de filme estrangeiro.
Basicamente pinta o retrato de uma professor de curso secundário de cerca de 40 anos, misantropo e que é forçado a visitar sua mãe de quarenta e poucos anos, que esta para morrer. São quatro décadas de problemas e crises que ele tem que resolver. Os críticos americanos acharam que o filme não foge de certo sentimentalismo semelhante aos trabalhos de Tornatore, ainda que compensado por grandes interpretações de todo o elenco.
O filme começa em 1971, num concurso de beleza de verão, em que Anna (Ramazzotti, que na vida real é mulher do diretor) ganha mas deixa o marido enciumado e o casal de filhos observando. No tempo presente, o garoto virou o professor e é praticamente sequestrado pela irmã Valeriz (Pandolfi) para visitar a mãe que está morrendo de câncer num asilo. Dali em diante, o filme alterna passado e presente, explicando aos poucos como o herói foi ficando traumatizado e amargo.
Sem cair na caricatura, como muitos filmes italianos dantes e de hoje, A Primeira Coisa Bela usa como título uma canção popular de 1970 que a mãe cantava para suas crianças em momentos de problemas (a trilha musical é do irmão do diretor Carlo Virzi). O fotógrafo Nicola Pecorini usa cores laranja e sépia para o passado.
Enfim, é um filme de emoções, sentimentos que tem grande chance de dialogar com o público brasileiro.