Crítica sobre o filme "Cada Um Tem a Gêmea Que Merece":

Rubens Ewald Filho
Cada Um Tem a Gêmea Que Merece Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/02/2012

Estava pensando onde será que estão os prêmios Raspberry Framboesa (Razzies) que não se manifestaram este ano? Será que acabaram? Espero que não, cometem algumas besteiras, mas em geral provocam riso e fazem bastante justiça. Este filme era dos prováveis candidatos até porque foi massacrado pela crítica que o demoliu por sua grossura (exagero, há uma sequência de banheiro com  ruídos de gases, mas a de Missão  Madrinha de Casamento é mais explícita). Acho que a pior não é isso, mas seu roteiro parco em piadas, as sacadas são especialmente sem inspiração. Quase não há risadas. O filme só trem dois pontos de interesse!

1) Se você for gêmeo, já que nesse caso pode se divertir com os vários semelhantes que aparecem no começo do final e nos letreiros até o final – até surge um cara com um truque danado de bobo, que não tem nada a ver! Eles brincam com o fato de serem iguais e até com certa graça. Mas pouca.

2) Se você for fã de Al Pacino! Um ator não conhecido por seus talentos cômicos, que raramente exerceu no cinema e que entra num tom errado. Nada do que faz é muito engraçado, talvez porque o filme não o favoreça mesmo. Talvez porque as citações se perdem (ele está em cena fazendo Ricardo III e cita Chefão e Scarface, mas ao final também interpreta Dom Quixote em Man of La Mancha! Boas ideias que não convencem. Mas como fã é fã, com boa vontade ele pode ser perdoado. Não é um cameo, como dizem, mas um papel enorme, o segundo do filme (não como Johnny Depp e diversas celebridades e amigos de Sandler que fazem pontinhas. Aliás, Depp se sai bem e discreto).

O problema é que Sandler nem se deu ao trabalho de emagrecer (está cada dia mais gordo e inchado) e nem de fazer características diferentes para compor um personagem feminino, que seria sua irmã gêmea. Pôs uma peruca, uns enchimentos, mudou um pouco a voz, nem muito e o pior: não deu a ela a Jill do título, nem uma personalidade bem definida, característica que poderiam ser mais divertidas. Ela é uma chata que nunca se humaniza e fica perdida (o mais estranho ainda é que ele como Jack está ainda mais apagado, num total zero à esquerda). Nesse caso, o que dizer então da coitada da sra. Cruise que faz a esposa e não se dignam a lhe dar um close no filme todo!!!

Pacino deve gostar de Sandler para concordar em se expor dessa forma, inclusive num fake (não sabemos até que ponto) comercial dos Dunkin’ Donuts aonde Al chega a dançar!!! Prova de seu bom humor e boa vontade e também total falta de noção. Este não é um projeto que o merece como ator.

O script é desastroso (apenas uma sucessão de sketchs mal alinhavados) , ri-se muito pouco, resta o orçamento que inclui uma viagem de transatlântico pela Europa (achei simpático incluir pequenas pontas de atores europeus desconhecidos nos EUA, como o espanhol Santiago Segura e o francês Gad Elamleh).