Crítica sobre o filme "Até a Eternidade":

Rubens Ewald Filho
Até a Eternidade Por Rubens Ewald Filho
| Data: 06/07/2012

Este foi um grande sucesso de bilheteria na França, abraçado pelo público adulto que se identificou com a história e com o elenco, que traz em destaque a melhor atriz europeia do momento, a excelente vencedora do Oscar Marion Cotillard e também o recente vencedor do Oscar de Ator, o Francês Jean Dujardin de O Artista (na verdade, ele faz um papel importante, mas relativamente pequeno). Um detalhe curioso: no elenco está também outro ator popular na França que é muito parecido com Dujardin, Gilles Lelouche, a ponto de dar para confundir.

Importante também que o filme foi dirigido pelo jovem ator Guillaume Canet, talvez mais lembrado aqui por sua participação em A Praia com Di Caprio e Feliz Natal (na época era casado com Diane Kruger, a Helena de Troia do filme Troia, hoje é marido e pai do filho da Marion e esta também no filme em cartaz Apenas uma Noite).

Canet parece ser um homem inteligente, que tem se revelado bom diretor (em 2006 fez o bom policial Não contem a Ninguém), mas aqui fez um projeto muito pessoal, onde também escreveu o roteiro inspirando-se na sua própria vida e amigos. O tipo de estória lembra bastante o filme de Lawrence Kasdan, O Reencontro (The Big Chill, 1983), que era sobre antigos colegas que se reencontram no funeral de um deles e passam uns dias juntos numa casa de campo. Mas enquanto aquele era um filme frio, a la americana, este aqui é latino, que aprofunda relacionamentos e situações. Aliás, sem temor emoções e paixões.

O filme começa em cima de Dujardin num plano sequência sem cortes muito interessante. Ele está numa boate, na balada se drogando, quando depois de uns excessos resolve ir embora e pega sua vespa, e parte em direção a sua casa, andando pela Paris quase sem trânsito. O espectador vai junto até ter uma surpresa. Os amigos todos íntimos vem encontrá-lo, mas não tem coragem de cancelar a já tão planejada viagem até a praia, aproveitando o verão como fazem todos os anos numa casa com barco do mais rico deles, dono de um hotel-restaurante (o hoje importante Cluzet, que hoje se parece um pouco menos com Dustin Hoffman, que também estrela uma próxima estreia sucesso incrível na França, Intocáveis). E como diz o título original, lá eles se afogam em pequenas mentiras, coisas que não confessam e vão estragando os casamentos ou relacionamentos. Tem um homem que não consegue esquecer a namorada, Marion que prefere não manter ninguém fixo nem mesmo quando aparece um músico que parece ter tudo com ela, o velho amigo local que cuida da pescaria e das aventuras com o barco. E o conflito mais curioso, que é do Benoit Magimel, Vincent que conta para Cluzet que sente uma estranha atração por ele, embora não seja homossexual. Isto é suficiente para deixar o outro confuso e  desnorteado.

Talvez o filme tenha um pouco de músicas de sucesso demais (mania francesa de interromper a ação com clipes com essas melodias antigas de fundo, sendo que colocar no final a canção de Sinatra, é quase imperdoável). Também é um pouco longo demais.

Mas o elenco é ótimo (adoro Marion, que se apresenta sem maquiagem em todos os sentidos), os personagens humanos e é muito difícil não se emocionar. Vale assistir.