Crítica sobre o filme "Um Divã Para Dois":

Rubens Ewald Filho
Um Divã Para Dois Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/08/2012

Já está se falando em nova indicação ao Oscar® para Meryl e também para a grande surpresa do filme, uma interpretação notável e dominante do geralmente rabugento Tommy Lee Jones. Tudo por causa deste filme que não foi muito bem de bilheteria (não passou de US$15 milhões na estreia) simplesmente porque não é para jovens ou adolescentes, mas para a recém-descoberta faixa de idade de 40 anos em diante, que irão se identificar e apoiar esta história de amor e sexo durante a terceira idade.

Não me lembro de outro filme que trate tão abertamente a questão, com bom humor (não se pode dizer que seja uma comédia rasgada, mas é muito divertida), embora o distribuidor tenha se esforçado para atingir maior audiência fazendo um trailer que no fundo esconde a temática e no Brasil colocando um título que parece nome de peça que passa no Teatro Ruth Escobar, ou seja, aquelas comédias de quinta categoria. Dois no Divã dá a ideia que é um filme sobre psiquiatria ou análise freudiana.

Não há divã e os personagens fazem uma forma de consulta de casais, procurando resolver o problema que por acaso é sexual (esse é o personagem de Steve Carell, que aceitou ser o observador, que nem tem vida particular. Apenas vai levantando questões e dúvidas, no que é até didático (e eu acho isso bom, já que há tanta gente que necessita ao menos discutir o assunto e irá imitar Lee Jones na aversão muito masculina de mexer em  feridas que podem simplesmente ser escondidas ou postas de lado).

Embora dirigido por Frankel, de Sex and the City e O Diabo Veste Prada, a verdadeira criadora do projeto é uma roteirista e produtora vinda da TV, Vanessa Taylor (que tem no currículo Game of Thrones, Tell me that you Love me, Everwood, Alias, Cupid). Este é seu primeiro screenplay, ou seja, para cinema. Sorte dela ter encontrado um elenco tão formidável (há ainda aparições rápidas de nomes conhecidos com Elisabeth Shue como garçonete ou Mimi Rogers como vizinha).

Sem medo de aparentar idade, Meryl faz uma dona de casa de Omaha, casada por amor há 30 anos, com os filhos já casados e crescidos, fora de casa, que está infeliz porque o marido dorme diante da teve assistindo programas de golfe, ou então se refugia em quartos separados. Todos os dias seguem a mesma rotina, mal se falam e nunca, nunca se tocam! Quanto mais terem relações sexuais que não acontecem por volta de cinco anos. Ela resolve se revoltar com a situação e marca uma terapia de casal num estado longe e pitoresco, o Maine.

Claro que ele reclama de estarem gastando demais, se hospedam num motel, ameaça largar as sessões algumas vezes. Mas aos poucos eles vão tentando entender o que está errado e ate procurar corrigir. Em mãos erradas o filme poderia ter resultado num desastre. Mas com esses veteranos e excepcionais atores se torna engraçado, humano e mesmo muito útil (ainda que mais compreendido pelo público feminino, machão por ter rejeição pelo tema).