Crítica sobre o filme "Que Esperar Quando Você Está Esperando, O":

Rubens Ewald Filho
Que Esperar Quando Você Está Esperando, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 02/08/2012

A melhor coisa do filme é que com ele Rodrigo Santoro vai calar a boca dos detratores que reclamavam que ele não falava em seus trabalhos americanos. Pois aqui ele fala em inglês o tempo todo, sem sotaque perceptível, fazendo par com a estrela Jennifer Lopez e no que é praticamente o papel central masculino do filme (difícil afirmar isso, porque é antes de tudo um "emsemble comedy", ou seja, um filme de grupo). Mas seu personagem é o único diferenciado (o único que vai adotar e não ter filho próprio e também o que vai buscar um bebê na África: as cenas foram rodadas na África do Sul!). Sai-se bem, embora não tenha emplacado muito, sem ultrapassar a barreira dos US$ 40 milhões de renda.

Estranho porque teoricamente deveria atrair um grande público feminino, que é o mesmo que consome até hoje o perene bestseller original de Heidi Murkoff  (que não sai da lista dos mais vendidos do New York Times). Mas vai ver elas não confiaram que um livro de autoajuda (ou livros) pudesse ser adaptado de forma convincente para a tela (mais de 14.1 milhões de exemplares vendidos!).

Considerando a origem, o filme logicamente resultou episódico, mas até divertido ainda que descartável. Pode funcionar para quem apreciar o curioso elenco, que reúne atrações para o público feminino como o galãzinho de Gossip Girl (Chace Crawford, que impressiona bem, é baixinho, mas tem voz forte e presença) e o homão forte de Magic Mike, Joe Manganiello. Sem esquecer Chris Rock, quase numa participação especial, subaproveitado. O diretor inglês Kirk Jones fez antes o ótimo A Fortuna de Ned, mas também o fraquíssimo Estão Todos Bem, com De Niro, e o primeiro e tolo Nanny Mcphee.

Na história, várias situações se cruzam. Cameron Diaz, ainda em forma, é apresentadora de um programa de reality onde faz os gordos perderam peso. Mas participa também de um show de Dança dos Famosos com o namorado (Matthew Morrison, de Glee). O problema é que ela está grávida e precisa esconder isso. Mas nada de importante rola com eles, apenas perfumaria. Prefiro o caso dos jovens Chace e Anna Kendrick (Amor sem Escalas), que engravidam já na primeira transa e não sabem o que fazer. É curiosa também a situação dos maridos e pais em perspectiva que se encontram no parque e trocam confidências (que têm que ser secretas). Assim colocam o lado masculino da questão.

Nem tudo são flores, há uma chanchada discutível quando o péssimo Dennis Quaid faz o pai milionário que também engravida sua jovem esposa e compete com o genro, alguns dos coadjuvantes são ruins (como o marido de Banks), ou não encontram o tom (como a própria Banks, que faz Wendy).

Ou seja, não é nenhuma obra-prima. Mas deve haver um público para esse tipo de comédia romântica, além do prazer de ver Rodrigo que foi até indicado para prêmio latino.