Crítica sobre o filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge":

Jorge Saldanha
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge Por Jorge Saldanha
| Data: 14/12/2012

BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE é o capítulo final da trilogia do diretor Christopher Nolan, iniciada em 2005 com BATMAN BEGINS. E a essa altura acho que nem vale mais a pena opinar se este último filme é pior ou melhor que o excepcional BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS (2008), que tem seu maior diferencial na interpretação praticamente irreal do trágica e precocemente falecido Heath Ledger como o Coringa. Interpretação que, aliás, foi postumamente premiada com o Oscar.

 

Assim, prefiro me ater ao que este último filme tem de positivo – a Mulher-Gato de Anne Hathaway, que sem dúvida reverteu minhas expectativas, inicialmente negativas, quando soube que a atriz havia sido escalada para viver a ladra Selina Kyle; o Bane do espantosamente bombado Tom Hardy, cuja caracterização não foi uma unanimidade mas a mim convenceu como um oponente formidável para o Batman; Joseph Gordon-Levitt como um personagem que cresce de relevância conforme a trama avança e, por fim, a construção de um arco sólido o suficiente para encerrar com dignidade e, sim, com boa dose de emoção, esta fase do personagem da DC Comics nos cinemas.

 

Encerramentos de trilogias importantes sempre são complicados, graças principalmente à expectativa que vai sendo gerada ao longo dos anos. O mais satisfatório, de longe, foi O SENHOR DOS ANÉIS – O RETORNO DO REI, mas apesar de não atingir o nível desse já clássico épico de Peter Jackson, o longa de Christopher Nolan é bem satisfatório – ainda que não tenha conquistado a unanimidade do filme anterior. Certamente seria melhor se tivesse uns 20 ou 30 minutos a menos e algumas decisões de roteiro fossem outras, mas essas foram opções artísticas do diretor, que quis fechar o círculo do personagem Bruce Wayne de forma extensiva e caprichada – e, para aqueles que acham que o Batman apareceu pouco no filme, vale lembrar que Bruce Wayne é Batman.

 

Principalmente em seu último ato o filme tem ótimos segmentos de ação, nos quais Nolan mescla sua habilidade com filmagens reais e efeitos práticos com o uso de CGI, e a trilha sonora, dessa vez a cabo somente de Hans Zimmer, cria músicas hipnóticas, envolventes e tribais que envelopam os personagens e dão o tom exigido por Nolan. Aqui, também Zimmer encerra o ciclo que tirou o acompanhamento tradicionalmente orquestral do herói, e levou-o para sonoridades mais introspectivas e escuras. Apesar de seus críticos, a música de Zimmer para a trilogia do Cavaleiro das Trevas foi importante e influente, de tal forma que é inconcebível imaginar esses filmes com um acompanhamento luxuriante, como o que Danny Elfman criou para os longas dirigidos por Tim Burton. 

Após um final que remete a A ORIGEM, onde muitos poderão questionar se o que está na tela é real ou ilusório, o futuro de Batman nas telonas é uma incógnita. Christian Bale e Nolan declararam que não pretendem retornar ao personagem, que deverá ser um dos protagonistas do filme da LIGA DA JUSTIÇA, que dessa vez parece que vai sair mesmo. Mas venha o que vier, Nolan e sua equipe tiveram o mérito de dedicar ao personagem um trio de filmes que, finalmente, estiveram à altura da importância que ele tem na cultura pop mundial. E acredite, isso não foi fácil.