Crítica sobre o filme "Branca de Neve e o Caçador":

Jorge Saldanha
Branca de Neve e o Caçador Por Jorge Saldanha
| Data: 26/12/2012

Estamos em plena fase “revival” dos contos de fadas dos irmãos Grimm, entre os quais se incluem os esquecíveis filmes A GAROTA DA CAPA VERMELHA, ESPELHO, ESPELHO MEU e a fraquinha série de TV ONCE UPON A TIME. Ainda vem por aí JOÃO E MARIA – CAÇADORES DE BRUXAS (que pelo jeito será o mais divertido e violento do lote), JACK - O CAÇADOR DE GIGANTES e MALÉVOLA, no qual a Disney irá reinventar seu clássico animado A BELA ADORMECIDA tendo ninguém menos que Angelina Jolie como a vilã. Mas enquanto as novas produções não chegam, este BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR revela-se uma pequena surpresa, e sem dúvida é, por enquanto, o melhor título dessa safra.

 

Sem dúvida, quando as pessoas ouvirem falar de Branca de Neve, elas ainda pensarão de imediato no inesquecível desenho da Disney. Porém, mesmo que nunca se torne um clássico, méritos sem dúvida este novo filme tem: apesar de algumas falhas do roteiro e de a mão do diretor estreante Rupert Sanders de vez em quando escorregar, ele soube criar uma obra visualmente deslumbrante, com efeitos visuais na maior parte do tempo convincentes, um elenco bem escolhido (como é bom ver Kristen Stewart em outra fantasia que não a lamentável saga CREPÚSCULO) e uma trama que flui bem, embalada por uma das melhores trilhas que o maestro James Newton Howard compôs recentemente.

 

A intenção manifesta foi acentuar os aspectos mais dramáticos e sombrios do conto, e como resultado temos uma Rainha Má que desperta compaixão tanto na plateia como em Branca de Neve, apesar da disputa mortal entre ambas; cenas de ação e combate épicas; uma heroína, Branca de Neve, que como Joana d’Arc pega em armas para defender seu reino (ainda que pelo jeito tenha aprendido a usar a espada magicamente, já que não vemos ninguém treiná-la – nem mesmo o Caçador); e uma turma de anões que está mais para os brigões de O HOBBIT do que para as figuras fofinhas da clássica animação da Disney.

 

Falando em “escorregar a mão”, o filme acabou ganhando mais notoriedade em razão do caso extraconjugal que o diretor teve com a estrela Stewart, então em um relacionamento sério com seu parceiro de CREPÚSCULO, Robert Pattinson. Vendo os vários closes no adequadamente pálido rosto da atriz, fico imaginando se Rupert se apaixonou por ela inicialmente assim, vendo-a através das lentes da câmera. Seja como for, romances entre diretores e suas estrelas são muito comuns, a diferença aqui é que este envolveu uma jovem atriz em evidência (em um relacionamento com um ator também jovem e em evidência), e o affair tornou-se público via internet, o que sempre amplifica os acontecimentos. Mas o estrago já está feito e Sanders não deverá ser o diretor da continuação, na qual Stewart retornará.

 

Mas o que realmente importa é que BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR é um bom programa, que será especialmente apreciado por quem gosta de filmes de fantasia. E que, adicionalmente, parece ser capaz de despertar emoções insuspeitas nos corações mais desavisados. Ideal para ser assistido acompanhado por aquela amiga / amigo com quem você gostaria de ter “algo mais”.