Crítica sobre o filme "Hobbit, O - Uma Jornada Inesperada":

Fernando Reis Coelho
Hobbit, O - Uma Jornada Inesperada Por Fernando Reis Coelho
| Data: 08/01/2013

É interessante como algo que marcou nossas vidas há quase 10 anos atrás pode voltar e causar um frisson imenso em todos. Lembro como se fosse hoje as filas gigantes para ver os filmes da Terra-Média, e o ódio generalizado que causou em todos da sessão ao acabar o primeiro filme sem ter um fim, lembro também de ter assistido aos 2 primeiros sentado na escada pois vendiam mais ingressos do que cabiam nas salas, e toda a sensação do chão tremendo nas cenas de batalha. Pois bem se passaram 9 anos desde o último "Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei" e 11 anos do início da saga da Terra-Média que emocionou e fantasiou a mente de muitas pessoas, e agora estamos de volta à tudo que ocorreu antes de que o anel vá pairar nas mãos de Frodo e sua turma, na história contada por seu tio Bilbo em O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, o primeiro de uma nova trilogia! Você deve passar por uma livraria e se espantar ao ler a palavra trilogia, pois o livro é minúsculo comparado aos outros e se você ver então a graphic novel vai falar que o diretor surtou, pois bem após conferir o longa no cinema, os primeiras 169 minutos que representam 6 capítulos dos 19 do livro e as 62 páginas das 134 da graphic novel mostram que tem gordura para se mostrar em 3 filmes, mas ainda assim dá medo de enrolarem demais a história que poderia ser feita em 2 filmes no máximo.

A sinopse do filme nos mostra a trajetória de Bilbo Bolseiro, que enfrenta uma jornada épica para retomar o Reino de Erebor, terra dos anões que foi conquistada há muito tempo pelo dragão Smaug. Levado à empreitada pelo mago Gandalf, o Cinza, Bilbo encontra-se junto a um grupo de 13 anões liderados pelo lendário guerreiro Thorin Escudo-de-Carvalho.A jornada leva-os a terras traiçoeiras repletas de Goblins e Orcs, Wargs mortais e Aranhas Gigantes, Transmorfos e Magos. Embora o objetivo aponte para o Leste e ao árido da Montanha Solitária, eles devem escapar primeiro dos túneis dos goblins, onde Bilbo encontra a criatura que vai mudar sua vida para sempre, Gollum. A sós com Gollum, às margens de um lago subterrâneo, o despretensioso Bilbo Bolseiro não só descobre sua astúcia e coragem, mas também ganha a posse do "precioso" anel, que está ligado ao destino de toda a Terra-Média, de uma maneira que Bilbo não pode imaginar.

Muitos vão reclamar que contei muito colocando a sinopse completa, mas isso qualquer um que ler a contracapa do livro ou apenas folhear ele saberá, então não tem nada demais escrito aí em cima. O bacana está na construção de tudo, que está mais perfeito ainda que nos filmes anteriores, claro, pois possuímos muito mais tecnologia agora do que na época que foi rodado os outros 3 filmes. A história em si é muito bonita e como disse estava com medo da divisão em 3 longas, porém a inclusão de outros elementos que constam em outros livros do Tolkien e até outros personagens colocados para dar um gás a mais na trama caíram bem para que tivéssemos um filme longo e condizente. Claro que aqueles que não forem extremamente fãs de filmes de fantasia com certeza irão reclamar de cenas exageradas, de coisas absurdas e afins, mas os que curtem sairão bem contentes da sessão e tudo que foi feito no roteiro com as várias mãos de Peter Jackson, Guilhermo Del Toro, Fran Walsh e Philippa Boyens. Com câmeras variando bem entre planos bem abertos onde podemos curtir todo um visual perfeito criado para o longa, onde nem quase percebemos serem digitais , e planos com closes tão próximos dos atores que conseguimos notar todas as expressões individuais de cada personagem.

Um medo que também tinha após ter lido o livro era de que com 13 anões em cena ficaria difícil reconhecer cada um, mas foram desenhados e caracterizados tão bem por cada ator que vemos os personagens de forma individual bem interessante. O destaque entre a atuação dos anões sem dúvida é para Thorin interpretado por Richard Armitage e Balin por Ken Stott. Martin Freeman faz bem o seu Bilbo, porém esperava mais expressão em certos momentos, mas não decepciona muito. Ian Mckellen está perfeito como sempre, com sua voz imposta e seus trejeitos caem perfeitos para o personagem, assim como fez nos filmes anteriores. Andy Serkis merece todos os prêmios possíveis sempre, pois a personificação que passa para seus personagens através da captura de movimentos é algo impressionante, Gollum que já era um show nos SDAs agora está magnífico tanto no quesito textura quanto nas expressões e interpretações dadas. Poderia ficar falando de cada um aqui horas, mas não quero exagerar, apenas colocando que todos os personagens sem dúvida alguma fazem bem seus momentos em cena, sejam eles personagens apenas maquiados, sejam personagens computadorizados que apenas têm vozes ou movimentos capturados dos atores, fazendo com que o longa tenha bons textos para serem mostrados.

No quesito visual, para quem pode ter a oportunidade de assistir os extras presentes na edição de colecionador de "O Senhor dos Anéis" no vídeo Construindo a Terra Média, já com certeza tinha ficado boquiaberto, agora com esse novo filme e as novas tecnologias empregadas, temos muito mais texturas e cenários muito mais próximos duma "realidade" que poderíamos imaginar sendo onde se passa a história. Tudo é muito palpável e de um bom gosto imenso, fazendo com que quiséssemos ir algum dia pagar uma viagem e conhecer essas terras onde se passa o longa. A única coisa que não fui muito afim das criações digitais foram os wards ou como alguns verão os lobos, que achei meio "Crepúsculo" demais a forma que foram feitos, principalmente o lobão branco. A fotografia está bem variada de cores, e as cenas escuras remetem bem a tensão passada pela proposta do longa, como ela segue bem junta do que a arte propõe o visual fica deslumbrante.

No quesito 3D, as profundidades utilizadas estão muito bem colocadas, dando perspectiva para todo um fundo visual que poucos filmes possuem. Alguns falarão que nos SDAs já tinha uma grande visão de campo, mas garanto que não igual aqui. Um destaque interessante para aqueles que gostam de coisas saindo da tela está na briga de gigantes de pedra, onde o 3D fica bem interessante e depois nas cenas de vôos. O quesito digital e de efeitos especiais como já iniciei a falar no parágrafo anterior, é algo primoroso, que a cada filme que passa se vê que as tecnologias empregadas estão cada vez melhores, transformando seres e cenários digitais em coisas tão reais que fica difícil distinguir o que é real e o que não é.

A trilha sonora composta por Howard Shore é perfeita, nos remetendo a sair da sala murmurando e cantando sem parar, deixando a sonoridade ambientada completamente de forma agradável sem que ficássemos cansados pela mesma música praticamente tocada em diferentes versões. A canção interpretada primeiramente por todos os anões e depois por Neil Finn também é algo muito gostoso depois de ouvir enquanto os créditos sobem.

Enfim, é um filmaço que contém alguns erros que muitos irão criticar, porém assim como "O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel" foi um filme que todos criticaram por conter somente o primeiro ato, acredito que esse tenha focado demais nas batalhas e apresentando alguns personagens importantes para o resto. Mal posso esperar até Dezembro do ano que vem para ver a parte 2 "A Desolação de Smaug" que seguindo o livro é a parte que contém mais aventura e menos batalhas então deva ser mais interessante. Porém como disse é um filme que vale muito a pena assistir mesmo que não seja fã do gênero. Infelizmente para o interior não veio com a nova tecnologia de 48fps que tantos estão falando por aí, então não poderei estar comentando sobre como é com vocês, deixo aberto abaixo nos comentários para quem assistir na tecnologia falar sobre ela. Bem é isso, amanhã falarei sobre algo que sempre quis ver no cinema, mas nunca tive a oportunidade: conferir uma ópera ao vivo, então voltando falo tudo que achei.