Dom Camillo... Monsenhor (Don Camillo... Monseigneur; 1961) traz à luz dois nomes hoje esquecidos. Um deles é o comediante francês Fernandel, que está íntegro na pele do bispo Dom Camillo, capaz de mover a multidão cristã contra os comunistas. O outro é o diretor do filme, Carmine Gallone, que em seu tempo chegou a desfrutar de algum prestígio crítico. Apesar de muita ingenuidade, de alguma maneira a narrativa de Dom Camillo... Monsenhor sobrevive com a ironia peculiar com que observa os movimentos da época.
Passa-se na Itália, mas a atual versão vem em francês, onde o narrador-over pronuncia Camilô e dentro da cena as personagens se alternam ibericamente entre Camillo e Camille. É uma visão de aldeia da guerra fria do cotidiano, com os recrudescimentos e as distensões (em francês, “détente”, como se alude no filme) entre cristãos e comunistas daqueles anos.
Não é uma obra que apresente muita coisa para o cinemaníaco. Mas tem lá seu interesse histórico ou de arqueologia cinematográfica.