A França acerta mais uma vez ao escolher um drama "leve", bem contado e que mesmo não sendo daqueles de lavar os olhos lava a alma com doçura e comicidade para ser seu representante no Oscar. Intocáveis é daqueles filmes que você não tem vontade que acabe, que continue agradando a cada momento te levando cada vez mais longe de momentos tocantes e bem humorados pelos protagonistas. Ele faz você pensar que qualquer problema pode ser simples quando se tem a alegria ao invés de apenas olhar ele com piedade.
O filme nos mostra que Philippe é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss, um jovem problemático. De início, eles enfrentam vários problemas, já que ambos têm temperamento forte, mas aos poucos passam a aprender um com o outro.
O mais bacana da história que embora seja simples, ela é real! Baseada na biografia contada no livro O Segundo Suspiro, o longa é doce e mesmo tendo momentos totalmente previsíveis, ele consegue agradar de uma forma ímpar ao mostrar coisas que possivelmente quase ninguém faria, e claro ao mostrar o contraponto que qualquer deficiente ou pessoa com qualquer problema não quer piedade, ela deseja o mesmo que qualquer pessoa quer: felicidade, amigos e ser ajudada sem que seja tratada como coitadinha.
As atuações nem preciso dizer que são perfeitas, só dizendo que Omar Sy, foi o primeiro negro a ganhar um Cesar(Oscar francês) pelo filme né? Omar Sy faz um personagem como poucos veriam nas telas, ele ao mesmo tempo que tem um ar rude, é extremamente divertido, nos faz rir a todo momento com sua ingenuidade peculiar de quem não teve quase nenhuma educação e ao aprender as coisas do mundo rico faz tudo ficar mais engraçado, está perfeito. François Cluzet está muito bem, e imagino o quão difícil deve ter sido ficar estático durante todo o filme só mexendo a cabeça e ainda que fosse minimamente, sua atuação está muito boa e leve de ser vista, e em momento algum mostra ser um rico mesquinho que poderia ser. As atrizes embora não tenham muito ponto de chamariz para o longa, deixando o foco ficar mesmo nos principais, fazem bem feito nos momentos que precisam dialogar de forma a não atrapalhar o andamento geral do longa, destaque para Anne Le Ny que faz seu personagem ser menos forçado do que poderia ser.
O visual das paisagens por onde o filme se desenrola é de ficar olhando sem parar, e as locações foram extremamente bem escolhidas para que abrilhantassem mais ainda o filme, só precisaram tomar o devido cuidado para que elas não se sobressaíssem sobre os personagens. Os elementos cênicos escolhidos também estão bem presentes para dar detalhes de tudo como é a vida dos personagens, focando bem na distinção que o filme quis passar. Com esses elementos, a fotografia nem precisou ser trabalhada para que agradasse de qualquer forma que quisessem por, e mesmo assim está linda.
Muitos vão falar que eu sou ambíguo ao falar que a trilha aqui está bem colocada ao assistirem o filme, pois aqui temos o pianinho que reclamo na maioria dos filmes, tocando a todo momento para dar tom à emoção, porém aqui é o lugar e o momento correto de ser usado e de forma não tão pontual e chata como costuma ser vista, tem sentido o toque colocado. Outro bom momento da trilha está na festa de Philippe que temos um dos pontos mais divertidos do longa ao mostrar o gosto e o conhecimento musical de Driss.
Enfim, é um filmaço muito bom de se assistir e que dá um novo sentimento à como tratar os problemas da vida, nem sei se irá passar pela seleção dos filmes que vão realmente concorrer ao Oscar, mas caso passe será um que com certeza estarei torcendo. Recomendo à todos que assistam, e por ser um filme com distribuição pequena feita pela Califórnia Filmes caso não tenha chegado ainda em sua cidade, peça muito para que eles mandem, pois vale completamente o ingresso pago para assistir. (NE: o filme chegou à marca de mais de 1 milhão de espectadores no Brasil)