Quem retorna com este filme é a dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris, que depois de trabalhar com música e vídeo, estreou na direção com A Pequena Miss Sunshine, 2006, um filme talentoso e diferente. O roteiro era de Michael Arndt, mas quem estava no elenco era o jovem Paul Dano, que apresentou a eles sua namorada (eles têm um filho juntos) que é a jovem Zoe Kazan (por sua vez neta do lendário Elia Kazan, descobridor de James Dean, Brando, Warren Beatty). Elia escreveu o roteiro premiado de O Sindicato dos Ladrões, a mãe dela teria escrito o roteiro de Benjamin Button e o pai o roteiro de Reserval of Fortune.
Eu assisti Zoe numa peça da Broadway e a primeira vista ela é feia, nariz grande, olhos azuis penetrantes, mas não especialmente harmoniosos. É baixa e não tem aquela personalidade esfuziante que seria necessário para substituir a beleza. É engraçadinha e nada mais. Não brilha especialmente nem mesmo quando escreveu um papel para si própria (o marido Dano que costuma fazer personagens soturnos como em Sangue Negro). Aqui ele é um escritor jovem e já considerado genial, que está tendo problemas para continuar a carreira, vítima do tradicional bloqueio criativo de autor. Cercado de gente dando palpite (o irmão, o agente, o padrasto Banderas metido a artista, a mãe Annette que o seguiu em Big Sur), um dia imagina uma garota que encontra no parque (Zoe) e logo depois aparece dentro de sua casa. Isso se explica por que ela é fruto de sua imaginação, ou seja, a namorada perfeita porque é exatamente como ele quer e deseja. Tudo o que ele escreve, ela vivencia, se torna da maneira que ele propõe.
Não é uma ideia exatamente nova, já houve muitas variantes. Agora simplesmente a diferença é o controle que o jovem escritor tem em cima de sua obra. Nada muito profundo, o script é apenas uma simpática brincadeira com o gênero comédia romântica que conclui de forma previsível demais e se prolonga demasiado ao final.
Ajudado por alguns personagens engraçados (como o inglês Steve Coogan, que por sinal abre o filme) no máximo provoca alguns sorrisos e certa simpatia. Mas dá para entender por que o filme não repetiu o êxito e não rendeu mais do que dois milhões e poucos de dólares (e provável que vá melhor com públicos mais específicos). A senhorita Kazan não tem pinta de uma nova estrela ou grande roteirista.