Crítica sobre o filme "Lado Bom da Vida, O":

Fernando Reis Coelho
Lado Bom da Vida, O Por Fernando Reis Coelho
| Data: 03/02/2013

Comédias românticas geralmente possuem uma fórmula pronta, e isso as vezes incomodam um pouco, principalmente por sabermos a que final iremos chegar. Porém o bacana de analisarmos é como chegar a esse final tradicional. O que vemos em O Lado Bom Da Vida é a tradicional fórmula de mostrar um problema e trabalhar ele entre os personagens principais, fazendo dele um filme bonitinho, mas que não vai incrementar a vida de ninguém. E tirando a magnífica atuação de Jennifer Lawrence numa cena que até Robert De Niro fica de boca aberta para atuação da novata, daqui 3 meses ninguém lembrará desse filme.

A trama gira em torno de Pat Solatano, um cara que perdeu tudo - sua casa, seu trabalho e sua esposa. Ele agora vive com sua mãe e o pai, depois de passar oito meses preso. O homem está determinado a reconstruir sua vida e voltar com sua esposa, apesar das circunstâncias difíceis de sua separação. Porém, quando Pat conhece Tiffany, uma misteriosa e problemática garota, as coisas se complicam. Tiffany se oferece para ajudar Pat a reconquistar sua esposa, mas somente, se ele fizer algo muito importante para ela em troca.

A história em si é bem simples e não surpreende em momento quase algum, e isso acaba incomodando um pouco, pois embora tenha ações cômicas, o foco do longa é sim no drama pessoal dos protagonistas, e claro por isso chamou tanto a atenção da academia para estar concorrendo à tantos prêmios, pois não é um filmaço que emocione sendo um drama ou nos faça rir de rolar como deve ser em uma comédia, ficando no meio termo de tudo. O drama pessoal passado pelos protagonistas é cativante e motivante ao mesmo tempo, e a forma dita no final é bem bonita de se ouvir, mas esperava algo a mais para um longa tão falado. O que o diretor e roteirista David Russell tenta fazer em alguns momentos é nos passar a mesma sensação dramática que fez no seu longa anterior, mas em alguns momentos ele abandona o peso da mão e sabendo que era comédia romântica acaba relaxando demais na dramaticidade e torna o filme leve demais. Alguns movimentos de câmera acelerada me deixaram pensando pra que isso, e ficaram esquisitos para a trama, mas no geral o filme unindo a leveza com as boas atuações acaba sendo gostosinho de ver numa noite sem muita coisa passando na TV.

Quanto da atuação, já expressei bem o que achei sobre Jennifer Lawrence, pois o que essa garota faz é de se impressionar demais, claro que já está virando carne de vaca aparecendo em mil filmes, mas cada vez mais mostra seu valor, na cena das apostas frente a De Niro não deixou pesar nem um pouco a experiência do grande ator e destrói na atuação, tenho 99,9% de certeza que sua indicação e prêmios que está levando provêem desta cena, pois é impressionante o que faz e se faz valer o filme somente por causa dela. Bradley Cooper também está bem em cena, mostrando um lado forte que a depressão pode causar, e seus surtos aparentam terem sido bem pesquisados para o que faz em cena, demonstrando um bom domínio do que faz, agrada no geral, mas assim como o filme tem alguns momentos de lapsos que nem parece estar no filme e em outros faz uma dramatização memorável, acabou ficando estranho. Robert De Niro já está meio passado para fazer graça, mas seu papel humano mostrando realmente a idade que tem coube perfeitamente para o longa, somente algumas cenas de briguinhas relevantes que acabaram ficando estranhas para seu personagem, mas acaba agradando. Jacki Weaver ainda estou me perguntando o motivo da indicação ao Oscar, pois acredito que outras atrizes coadjuvantes tenham se saído muito melhor que ela nesse filme, claro que tem momentos tocantes, mas não faz mais que o básico de uma mãe protetora para com seu filho surtado e seu marido apostador maluco. Um ator que embora faça apenas algumas pontas soltas no longa mas vale a pena destacar é Chris Tucker, pois ele é o fator comédia da trama e agrada demais nas cenas que está presente.

O desenrolar visual da trama é bacana, pois o diretor soube trabalhar junto com a equipe de arte, os ambientes separados de forma a dar amplitude para cada âmbito do filme, relacionando cada cenário com algo que possa dar algum sentido para os momentos que os protagonistas vivenciam. Só achei um pouco exagerado o local de competição de dança, parecendo mais uma festa do que um campeonato. A fotografia trabalhou de forma interessante, seguindo de forma tradicional, mas sem deixar de inovar com luzes e sombras em momentos chaves, valendo ressaltar a caminhada noturna dos protagonistas como uma cena bem interessante no quesito fotografia.

A trilha sonora do longa conta com boas canções, inclusive a música que faz o protagonista surtar em vários momentos é uma das boas antigonas que souberam resgatar para dar um charme para o filme, poderiam ter empolgado um pouco mais apenas, mas não decepciona no contexto final que quiseram atingir.

Enfim, como disse no início, não é um filme ruim, mas está muito longe de ser algo que daqui 3 meses seja lembrado, pois é mais uma historinha comum que teve a sorte de contar com um elenco excelente e ter uma história bacana para ser trabalhada tando o lance dramático como pontos cômicos. Vale assistir pela atuação de Jennifer e caso nada mais esteja passando de bom em sua cidade, senão opte por outros.