Após ter arrecadado mais de Us$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais com seu primeiro filme, a trilogia O HOBBIT inicia em home video uma carreira que, ao que tudo indica será tão longa como a daquela que a precedeu (O SENHOR DOS ANÉIS). Assim O HOBBIT – UMA JORNADA INESPERADA, em sua versão exibida nos cinemas, chega ao mercado mundial em DVD e Blu-ray, sendo que no formato de alta definição em edições 2D e 3D. Esta edição nacional que resenhamos nada mais é que a reunião das edições 2D (um disco para o filme e outro para os extras) e 3D (dois discos para o filme), com seus respectivos BDs acondicionados em dois estojos Amaray HD, envoltos em uma bonita luva de cartolina com arte lenticular, que simula o efeito 3D. O layout dos discos segue o padrão econômico que a Warner adotou por aqui – letras brancas sobre fundo preto (sem arte de fundo).
Custando pouco mais que a média de um Blu-ray 3D, este combo torna-se uma opção interessante para os colecionadores que buscam a melhor e mais completa edição disponível no Brasil. Mas, como já dito, este é apenas o início da uma longa jornada: no final do ano, quando a continuação O HOBBIT – A DESOLAÇÃO DE SMAUG chegar aos cinemas, a Warner lançará a versão estendida deste primeiro filme (que certamente será execrada por quem já achou a versão de cinema longa demais), e assim sucessivamente. Quando a trilogia for concluída em 2014 com O HOBBIT – LÁ E DE VOLTA OUTRA VEZ, serão lançados boxes com as versões de cinema e estendidas dos filmes, e finalmente um megabox reunindo as trilogias O HOBBIT e O SENHOR DOS ANÉIS. Mas até que cheguemos a esse ponto, vamos analisar o que hoje temos à disposição.
Até avaliar esta edição em Blu-ray, somente havia assistido a este primeiro O HOBBIT no cinema, em sua versão 3D a 48 quadros por segundo (fps), e o que vi me agradou bastante. Já nas versões em disco de alta definição, nos tradicionais 24fps, temos uma experiência mais convencional, porém não menos deslumbrante - ainda que o visual seja estilizado, principalmente nas cenas do Condado. O downgrade de quadros não acarretou perdas ou problemas na qualidade do vídeo, e os encodes 1080p/AVC MPEG-4 (2D) e 1080p/MVC MPEG-4 (3D) são soberbos, livres de quaisquer ruídos ou artefatos, simplesmente de referência. A imagem, captada em câmeras Red Epic na proporção de tela 2.40:1, é sempre reproduzida de forma nítida e muito detalhada, de modo que percebemos as nuances e mínimos detalhes na vegetação e nos ambientes, sejam estes internos ou externos. O que é de surpreender, em razão do pesado uso de composições de imagens ao vivo com criaturas e fundos criados em computação gráfica – sem dúvida uma prova dos avanços técnicos ocorridos desde a trilogia O SENHOR DOS ANÉIS até agora. Traços faciais, cabelos, barbas e trajes de personagens são alta e naturalmente detalhados. As cores são vivas e variadas, ainda que na paleta predomine o padrão verde / laranja adotado por nove entre dez diretores de fotografia contemporâneos. Brilho e contraste elevados, e pretos penetrantes, ajudam a dar à imagem, mesmo em sua versão 2D, um grande senso de profundidade. E se em 48fps a apresentação 3D foi de longe a melhor que vi, em 24fps ela no mínimo rivaliza com a de AVATAR: eventualmente coisas voarão em sua direção, mas Jackson busca enfatizar o envolvimento tridimensional, criando um realístico senso de distância entre objetos. Trata-se, em qualquer hipótese, de material de demonstração.
Rivalizando com a excelência visual, a faixa lossless original em inglês DTS-HD Master Audio 7.1 (que, insisto, deveria ser o padrão para todos os novos lançamentos em BD) levará seu sistema ao limite. Em momentos calmos, a mixagem nos traz sutilmente um extenso e detalhado palco sonoro. Ouvimos sons como o crepitar de uma fogueira ou os pingos d’água na caverna de Gollum com grande detalhe e definição. Já nas sequências de ação, os múltiplos efeitos sonoros nos chegam com envolvimento e distinção impressionantes – e mesmo nelas os diálogos permanecem limpos e inteligíveis. Os graves são massivos, poderosos, fazendo com que o ambiente trema durante as batalhas. A reprodução da empolgante trilha sonora de Howard Shore também emprega bastante as baixas frequências, e mesmo assim a orquestração de cordas e metais sempre soa clara, nítida. Os canais surround estão em atividade constante, reproduzindo música, criando sons ambientais (destaque para o eco na caverna de Gollum) ou nos envolvendo por todos os lados com ruídos de flechas, espadas e gritos de inimigos. Também aqui temos material de referência, que se sobrepõe às faixas sonoras comprimidas 5.1 em português, espanhol e francês – mesmas opções de idiomas para legendas. Os menus estão apenas em inglês.