Crítica sobre o filme "Copacabana":

Rubens Ewald Filho
Copacabana Por Rubens Ewald Filho
| Data: 06/10/2011

É bem simpática este terceiro longa de um diretor que, como muitos franceses, deve amar o Brasil. Isso transparece em cada detalhe de uma história mais dramática que engaçada, que certamente foi concebida para veículo de estrela  (coisa que ainda se produz hoje, como nos bons tempos de Hollywood) para Isabelle Huppert brilhar, num papel cheio de contrastes, altos e baixos, exatamente como convém a certamente a maior atriz da França no momento.

Ela, que já esteve por aqui diversas vezes, não tem maiores dificuldades em interpretar Babou, uma mulher de meia idade sem profissão definida, que se entende mal com sua única filha, prestes a se casar. O charme é que essa moça é interpretada justamente pela  própria filha dela Lolita (que usa o nome do pai, o diretor assistente Ronald Chammah e ela já vimos por aqui também e que segundo o IMDB é uma veterana de 28 filmes, desde 1988. Apesar disso tem aqui uma interpretação dura e inexpressiva que eu achei que era mais dela do que da personagem. Vai ver generosamente deixou apenas a mãe brilhar? Mas em nenhum momento senti qualquer química entre as duas).

Babou é uma mulher como você deve conhecer várias. Deve ter sido meio hippie, fez o que quis durante a vida, certamente de forma egoísta (isso se demonstra quando ela quebrando as regras deixa um casal de desocupados e drogados dormirem no prédio que está vendendo, provavelmente porque a faziam lembrar dela própria. Já que como bom filme francês muita coisa fica no ar - nada contra, afinal já não se aguenta mais filme americano onde tudo é explicadinho).

Enfim, Huppert em momento nenhum exagera ou cai na caricatura que seria muito fácil. Babou tem uma vida banal e atrapalhada. Ela precisa, mas não consegue emprego e sonha em vir ao lugar de seus sonhos, o Brasil (não há cenas feitas no Brasil e a praia de Copacabana não aparece. Em compensação toda a trilha musical é composta de músicas brasileiras).

Aliás o tempo todo o Brasil é louvado, sem exageros e um grupo de dançarinos brasileiros que se apresentam em shows tem uma participação importante ao final. A história toma corpo no segundo ato, quando Babou consegue um emprego como vendedora de um time-sharing que fica em Ostend, em Flanders, litoral da Bélgica e ainda por cima no inverno. Mesmo assim ela ainda se sai bem e tem também a chance de demonstrar seu bom caráter.

Tudo já visto antes em outros filmes, só que para nós o filme tem essas encantadoras referências ao nosso país.

Detesto contrariar Babou, mas num diálogo ela diz que a vida no Brasil é muito mais barata do que por lá. Não é não, Babou, as coisas e os preços estão por aqui pela hora da morte e em certos casos, mais caros do que na França.