Baseada em A Fúria dos Reis, o segundo livro da obra de George R.R. Martin Crônicas de Gelo e Fogo, a segunda temporada de GAME OF THRONES mantém praticamente o mesmo nível da que a precedeu. Só não é o mesmo porque sentimos a falta de um personagem dominante como Ned Stark (Sean Bean), responsável por um dos momentos mais impactantes da televisão mundial. A temporada coloca o jovem e sádico soberano de Porto Real, Joffrey (Jack Gleeson) frente àqueles que disputam o Trono de Ferro, antes dele ocupado pelo falecido Rei Robert Baratheon (Mark Addy). O Trono é disputado pelos irmãos de Robert, Stannis (Stephen Dillane) e Renly (Gethin Anthony).
Mas Joffrey também tem de lidar com outras situações preocupantes: o filho de Ned Stark, Robb (Richard Madden), proclamou-se Rei do Norte e está em guerra aberta contra os Lannisters, e a imposição de Tyrion Lannister (Peter Dinklage) como a Mão do Rei cria uma disputa familiar de poder nos bastidores da corte de Porto Real, que envolve seus irmãos Cersei (Lena Headey) e Jaime (Nikolaj Coster-Waldau), que tem um caso incestuoso (eles são os verdadeiros pais de Joffrey). Já do outro lado do Mar Estreito, em Essos, Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) inicia seu plano de conquista, com a ajuda de seus três pequenos dragões e do fiel Ser Jorah Mormont (Iain Glen).
Esses conflitos principais são complementados por tramas secundárias, que incluem a conturbada trajetória de Theon Greyjoy (Alfie Allen) e a aparição da sacerdotisa Melisandre (Carice van Houten), que usa magia e sexo para eliminar os obstáculos à campanha de conquista de Stannis, que culminará no ataque a Porto Real que ficará conhecido como A Batalha da Baía Blackwater – o ponto alto da temporada. Temos também as jornadas de Jon Snow (Kit Harington) além da Muralha, da menina Aria Stark (Maisie Williams) em busca de vingança pela morte do pai, e a de Jaime e sua captora / protetora Lady Brienne (Gwendoline Christie).
O programa consegue pegar essas e outras tramas, com sua miríade de personagens, e as torna compreensíveis (talvez nem tanto para quem não leu os livros) e fascinantes. Os diálogos são excelentes, e o elenco afiado entrega grandes interpretações – destaque absoluto para Dinklage, que apesar de sua pequena estatura continua se destacando em todas as cenas em que Tyrion, o grande personagem da temporada, aparece. Como sempre, a série reserva para o final do último episódio uma cena arrepiante – e aqui, você pensará que trocou de canal e está assistindo THE WALKING DEAD!
GAME OF THRONES, que no momento se aproxima do final de sua terceira temporada, é uma série primorosamente executada, interpretada, dirigida e escrita (o próprio autor George R.R. Martin está entre a equipe de produtores e roteiristas), que com sua mistura de drama épico, fantasia e sexo (ainda que por vezes gratuito) pode ser considerada com justiça a melhor série da HBO em muitos anos.